DISCURSO DIRECTO

30 junho, 2006

A primeira vítima

O ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros demitiu-se esta tarde, alegando razões de saúde.

Tendo em conta o que ia aparecendo nos jornais (e o que se falava nos corredores de São Bento e das Necessidades), na minha opinião esta demissão tem pouco a ver com a saúde do ministro, mas tem tudo a ver com razões políticas.

No meu anterior post falei da futura remodelação governamental e da guerra que já se instalou entre os vários ministros e outros membros do Governo. Já temos a primeira vítima. Chama-se Freitas do Amaral.

A crise, o Governo e o PSD

Uma leitura rápida pelo jornais de hoje não deixa margens para dúvidas: o País continua em crise e o Governo nada faz para encontrar soluções.

No Correio da Manhã pode ler-se que a greve dos trabalhadores do Metro de Lisboa afectou, em hora de ponta, cerca de 500 mil pessoas e que os trabalhadores vão continuar com a luta, nomeadamente através de novas greves, se não houver abertura por parte da administração do Metropolitano de Lisboa, empresa que é tutelada pelo Ministro Mário Lino.

Ainda no Correio da Manhã, há destaque para o “estudo sobre a simplificação fiscal, encomendado pelo Governo, que propõe a eliminação das deduções à colecta de despesas de educação, lares, prémios de seguros e energias renováveis”. Ou seja, mais uma vez é o Zé Povinho que vai pagar a crise!...

Novamente no Correio da Manhã: “A taxa de juro euribor a seis meses, a mais utilizada nos contratos de empréstimos para compra de habitação, ultrapassou ontem os 3,25 por cento, máximo dos últimos quatro anos”. Paga, Zé!

Correio da Manhã outra vez: «O ministro do Ambiente acusou ontem “alguns promotores, empresários por exemplo, de quererem aproveitar a situação difícil do País, em que o investimento é uma enorme prioridade, para tentarem fazer passar projectos predadores do património natural”. Nunes Correia foi claro: “O Ministério do Ambiente tem de opor-se a isto.” Oposição que não se estende ao Ministério da Economia, sublinhou em entrevista ao Correio da Manhã, a publicar na íntegra no próximo domingo». Isto é, os ministros do Governo Sócrates já não se entendem e começaram a preparar a próxima remodelação!

No Diário de Notícias, podemos ler que “O ministro da Justiça defende a criação de um superministério que englobe as áreas da justiça e da segurança interna como forma de melhorar a coordenação entre polícias, afastando com a hipótese a transferência da Polícia Judiciária (PJ) para o Ministério da Administração Interna”. Ou seja, continua a luta entre os ministros da Justiça e da Administração Interna. Também estes já só pensam na remodelação do Governo...

O Público dá um especial enfoque ao facto da Comissão Europeia ter decidido apresentar hoje “uma queixa contra Portugal no Tribunal Europeu de Justiça pela não aplicação da lei comunitária sobre saneamento e liquidação das instituições de crédito”. Mas, o que nada a fazer o Sr. Ministro das Finanças?

O Barómetro DN/TSF/Marktest, de hoje, confirma que “O PS ampliou a sua liderança nas intenções de voto no, ao subirem dois pontos percentuais para os 44 por cento. Por outro lado, o PSD desceu um ponto para os 29 por cento, ficando agora a 15 pontos dos socialistas”.

Ops! A última notícia não dá para perceber. Então o País continua em crise, o Governo continua a fazer asneiras, os ministros começaram a digladiar-se publicamente, mas o PSD não sobe nas intenções de voto? Este é um mau sinal para a liderança de Marques Mendes e para aqueles que o acompanham, nomeadamente a sua vice-presidente Paula Teixeira da Cruz. Pelo vistos, não basta falar de credibilidade e de Cavaco Silva para o PSD subir nas preferências dos portugueses. É preciso muito mais!

29 junho, 2006

Excertos - VI

"- Oh! bom Deus, voltemos às generalidades! O País é rico?
- Portugal é um País que todos dizem que é rico, povoado por gente que todos sabem que é pobre.
- Mas a agricultura?
- A agricultura aqui é a arte de assistir impassível ao trabalho da Natureza.
- E as colónias?
- Velhas salvas de família, que se enferrujam ao seu canto.
- Mas este País tem um exército...
- Pode-se permitir essa formalidade - porque tem segura a paz.
- E polícia?
- A polícia é uma instituição que passeia aparatosamente em certas ruas - para prevenir os malfeitores que vão para outras."
As Farpas, de Eça de Queirós

28 junho, 2006

Vamos a Votos! - VII

Carlos Carreiras deverá apresentar como candidato a presidente do Conselho de Jurisdição Distrital o Dr. José Motta Veiga.

A confirmar-se, é uma excelente opção.

E por isso abro aqui uma excepção. Vou publicar o que penso do meu amigo Zé Motta Veiga.

Tive o prazer de trabalhar lado a lado com o Zé Motta Veiga no último Conselho de Jurisdição Nacional do PSD. A par dos seus sólidos conhecimentos jurídicos, o Zé Motta Veiga nunca hesitou em defender os direitos do militante mais anónimo perante o peso de qualquer estrutura distrital ou nacional. E fá-lo de forma aguerrida, determinada e quantas vezes com humor. Com o Zé Motta Veiga não existem militantes de primeira ou de segunda, todos são iguais perante os Estatutos e Regulamentos do Partido.

Nos tempos que correm, em que os “yes-men” pululam por aí, é bom saber que um militante que está nisto desde a fundação do PSD não vira a cara à luta, não teme o poder instituído e continua disponível para servir o Partido e os seus militantes.

27 junho, 2006

A Escola e a Autoridade

No Diário de Notícias de hoje, Diogo Pires Aurélio publica um texto sobre a falta de autoridade nas nossas escolas, numa linha muito próxima da que foi defendida pela investigadora Maria Filomena Mónica em entrevista que deu ao Expresso e da qual foi dada nota no post Dossier Educação – II.

Pelo seu interesse e actualidade, reproduzo aqui o artigo de Diogo Pires Aurélio, que tem o sugestivo título de A ordem e os infantes:

“Existe um certo pudor em pronunciar a palavra autoridade, mas ela vem irresistivelmente à memória de cada vez que se fala na situação actual das escolas. Perante os exemplos de barbárie que toda gente já deve ter ouvido contar aos professores, ou a forma desabrida como as salas de aula são tomadas de assalto por pequenos delinquentes e que as televisões, ainda há bem pouco tempo, voltaram a mostrar, não há ninguém de bom senso que não reclame uma lei, uma inspecção, uma esquadra ou um ministério que ponha cobro a isto. No entanto, apesar desse consenso mais ou menos tácito, a questão da disciplina nas escolas continua a ser uma espécie de dama que toda a gente corteja mas em que ninguém toca, a não ser, eventualmente, com a costumeira flor de estilo.

A autoridade tem má fama. Vulgarmente confundida com o poder autocrático, só por um acaso improvável ela permaneceria intacta em sociedades onde qualquer ordem é suspeita, enquanto não for previamente negociada e aceite por todos e cada um. A cultura em que estamos mergulhados e o que se aprende, inclusive, nas escolas já não reconhecem a autoridade como um valor. Levada ao limite das interpretações corriqueiras, a pulsão democrática ocasionaria mesmo o seu contrário, isto é, o não reconhecimento de nenhuma obrigação, a menos que haja força para a impor. Ruiu, por isso, a autoridade dos mais velhos, ruiu a autoridade da família. Imaginar que a escola poderá permanecer um oásis, no meio dessa devastação geral que assola o exercício da autoridade, é puro devaneio.

Acontece que a escola não funciona sem uma réstia, mínima que seja, de autoridade. O mestre precisa de possuir a autoridade que vem do saber, da experiência e da maturidade, razão pela qual convém que ele seja regularmente avaliado. Mas, só por si, isso não basta, se a lei e os costumes não lhe oferecerem os meios para fazer vingar tal autoridade, sempre que ela seja posta em causa. Não se pode exigir uma escola tranquila e rejeitar os seus custos.

De pouco adianta, a este propósito, aplaudir a coragem de alguns professores, que conseguem desenvencilhar-se, por mais hostil que o meio se apresente. É até perverso julgar que o problema se resolve com actos isolados de heroísmo, poupando os alunos e as suas famílias à evidência de que a escola, para ensinar o que quer que seja, tem de ter autoridade e dar-se ao respeito.”

Há 30 anos

Faz hoje 30 anos que Ramalho Eanes foi eleito Presidente da República, à 1.ª volta, com 61,54%. Otelo ficaria em 2.º lugar com apenas 16,52%.

Eanes cometeu muitos erros nos seus mandatos (veja-se o caso dos três governos de iniciativa presidencial), mas veio a ser uma peça essencial na afirmação de um Portugal livre e democrático.

Ou porque não conseguiu ou porque não quis, a verdade é que Eanes não se transformou num caudilho militar e dessa forma deu um contributo decisivo para a subordinação do poder militar ao poder civil e para a afirmação do Estado de Direito democrático.

Hoje também se celebram 30 anos de autonomia regional. Em 27 de Junho de 1976, realizavam-se as primeiras eleições para as Assembleias Regionais dos Açores e da Madeira e iniciava-se assim o processo de autonomia regional, que foi essencial para o desenvolvimento social e económico destes dois arquipélagos.

O que hoje é um dado adquirido – a Democracia e a Autonomia Regional – há apenas 30 anos não passava de uma grande esperança num tempo cheio de incertezas.

26 junho, 2006

Siga p'ra bingo!


Num jogo feio em que a arte e o engenho foram substituídos por dezasseis cartões amarelos e quatro expulsões (!), Portugal venceu a Holanda.

Não importa agora se a selecção de todos nós jogou sem brilho. Marcou. E é isso que interessa. É o “mata-mata”!

Siga p’ra bingo!

25 junho, 2006

E ao sétimo dia...


Sahara, Algéria

24 junho, 2006

Vamos a Votos! - VI

Paula Teixeira da Cruz apresentou esta semana a sua candidatura a presidente da Comissão Política Distrital do PSD.

Contudo, o Expresso de hoje não faz qualquer referência a esse acto partidário, nem à candidata Paula Teixeira da Cruz.

Sabendo-se que o Expresso e Pinto Balsemão são fortes aliados de Marques Mendes, o que se passou?
A apresentação da candidata escolhida por Marques Mendes não é notícia?
Será que Pinto Balsemão não quer apoiar esta candidatura porque está “recheada” de cavaquistas?
Será que Pinto Balsemão e o Expresso entendem como pouco credível uma candidata que tem o apoio expresso e activo de António Preto?
Querem ver que também Pinto Balsemão apoia o candidato Carlos Carreiras?

As sombras que ainda escondem as respostas a estas e outras perguntas serão, concerteza, dissipadas no próximo Expresso...

23 junho, 2006

Ainda a crise da GM

Numa altura em que o encerramento da unidade fabril da Opel em Azambuja parece ser eminente, em que os trabalhadores começam a dar claros sinais de desespero e em que o Governo já assume um discurso meramente conformista do tipo “quando forem embora, vamos exigir a devolução dos apoios financeiros que o Estado deu à Opel”, é com muito interesse e expectativa que deve ser encarada a proposta ontem formulada pela Associação Industrial Portuguesa (AIP) e pela Associação de Fabricantes para a Indústria Automóvel (AFIA).

Em carta enviada à administração da General Motors, estas associações manifestaram a sua disponibilidade para mobilizar os fabricantes portugueses de componentes para a indústria automóvel no sentido de se encontrarem soluções, no curto prazo, que conduzam à redução dos custos da produção do «Combo» na Opel de Azambuja.

Este é um bom exemplo de solidariedade nacional, porque a AIP e a AFIA não se limitaram a aguardar pelo encerramento da fábrica, mas decidiram dar um contributo para evitar esse encerramento.

Mas, é também uma boa oportunidade de desenvolvimento, pois é uma excelente base para a concretização, em torno da fábrica de Azambuja, do tão almejado “cluster” na área da indústria automóvel em Portugal.

22 junho, 2006

Vamos a Votos! - V

Com a devida vénia, aqui reproduzo um post do blog Minha Rica Casinha (http://minharicacasinha.blogspot.com) sobre as eleições para os órgãos distritais do PSD/Lisboa:

«Explicando melhor (Marques Mendes e os cavaquistas)

A primeira distinção a fazer é entre Cavaco e os cavaquistas. Cavaco Silva, agora presidente da república, sempre manteve com o PSD um contacto no limite do estritamente necessário para atingir os seus objectivos. Fe-lo em 1985 quando quis ser primeiro-ministro e para isso teve de ser presidente do PSD, mas logo de seguida encontrou "homens de mão" o gerirem (Dias Loureiro e Fernando Nogueira).

Cavaco Silva também "utilizou" agora Marques Mendes para garantir o apoio do PSD, mas sobretudo para usar o aparelho laranja necessário para qualquer campanha eleitoral. Certo é que manteve Marques Mendes afastado da campanha, quase envergonhado por ter de admitir o seu apoio. Cavaco Silva desconsidera o PSD (e talvez tenha razão).

Cavaco Silva nunca se aproximou, nem deixou que o partido se aproximasse dele. É por isso que se criou (como nunca com outro líder ou noutro partido) uma larga corte de apoiantes - os cavaquistas, que, utilizando a confiança e a proximidade de Cavaco Silva, foram criando teias de poder no interior do PSD - o chamado "aparelho".

São estes "cavaquistas" que hoje pretendem "tomar de assalto" o PSD. Mas também eles têm um problema: não dominam o "aparelho". Querendo alcançar o poder interno precisam de ganhar peso eleitoral interno. E é isso que começam a fazer e começam por Lisboa com Paula Teixeira da Cruz.

É evidente que a candidata dita de Marques Mendes à distrital de lisboa do PSD é afinal dos cavaquistas e quem a acompanha não deixa margem para dúvidas: Manuela Ferreira Leite, Ferreira do Amaral e Alexander Relvas (o Mourinho de Cavaco como o próprio afirmou). E o líder do PSD também o sabe. Acontece que teve de escolher entre ter António Preto ou Paula como candidatos. Por exclusão de partes escolheu Paula Teixeira da Cruz.

Os cavaquistas, querendo alcançar o poder para governarem o país. Sabem que ainda é cedo. Marques Mendes é apenas o "idiota útil" que vai servindo para entreter o PSD enquanto eles se preparam para tomar o poder no PSD quando valer a pena.

Já agora: há alguém que tolera menos ainda o PSD e os militantes - Santana Lopes tem verdadeiro desprezo pelo partido e pelos seus militantes... Mas esse (espera-se) está "arrumado".

Estará?

Eusébio Furtado»

Dois anos de férias

Num tempo em que a série Perdidos faz furor nas televisões de todo o mundo, incluindo Portugal, não posso deixar de recomendar a leitura de Dois anos de férias de Júlio Verne (Publicações Europa-América).

Esta é uma obra que nos conta a história de quinze rapazes, o mais velho dos quais não tinha 14 anos, que naufragaram na imensidão do Pacífico e foram atirados para uma ilha deserta, onde, entregues a si próprios, têm de lutar para assegurarem a sobrevivência.

Além das muitas peripécias e dificuldades, ao bom jeito de Robinson Crusoé, a nota mais marcante do livro é a exaltação de valores como a solidariedade, a amizade e a lealdade.

É um romance de aventuras que vale a pena ler.

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21 junho, 2006

Vamos a Votos! - IV

Depois de um prolongado silêncio, Fernando Seara declarou ontem que não é candidato a presidente da Distrital do PSD/Lisboa.

Confesso que não esperava outra decisão, pois as pressões para que a sua candidatura surgisse foram demasiado públicas e envoltas nalguns episódios rocambolescos. Na verdade, parece que alguém se esqueceu de uma regra básica: “a palavra é de prata, o silêncio é de ouro”...

Assim, e a não ser que haja um “golpe-de-asa” súbito (o que é cada vez mais improvável, porque já só faltam 19 dias para terminar o prazo de entrega das candidaturas), as próximas eleições para os órgãos distritais do PSD/Lisboa terão como principais candidatos Carlos Carreiras e Paula Teixeira da Cruz.

Alea jacta est

20 junho, 2006

Excertos - V

"Ali no ar sem estrelas ressoavam suspiros, prantos e gemidos fundos, que de início o pranto me causaram. Línguas diversas, blasfémias horrorosas, palavras doloridas, inflexões iradas, vozes fortes e roucas e, conjuntamente, mãos batendo faziam um tumulto sem cessar naquela atmosfera eternamente densa, como a areia remexida por um turbilhão. E eu, que sentia a cabeça apertada de horror, perguntei: «Mestre, que é isto que ouço? E que gente é esta, assim vencida pela dor?»
«Esta mísera sorte», respondeu, «têm as almas tristes daqueles que viveram sem vitupério nem louvor. De mistura estão com aquele horrível coro de anjos que nem se revoltaram contra Deus nem lhe foram leais, mas apenas a si próprios foram. Os Céus rejeitaram-nos porque não são bastante bons e tão-pouco os aceita o Inferno profundo, visto que dele alguma glória haveriam de retirar os condenados»"
A Divina Comédia, de Dante

19 junho, 2006

Valente!

Na entrevista que ontem concedeu ao programa “Diga lá, Excelência” - e que hoje vem publicada no Público -, Vasco Pulido Valente, além de expor as linhas gerais do seu último livro (uma biografia sobre Paiva Couceiro), fez uma análise muito lúcida à actual situação política e aos problemas que se mantêm em Portugal há dois séculos e sem qualquer solução.

Como não poderia deixar de ser, Pulido Valente foi polémico nas afirmações que fez. Insinuou que o primeiro-ministro Santana Lopes criou medo nos portugueses. Classificou o último discurso de Marques Mendes no Congresso do PSD de “shopping list”. Propôs que o Ministério do Ambiente deveria ser reduzido apenas à sua actividade normativa e inspectiva. Denunciou a ociosidade e preguiça na Assembleia da República. Etc., etc.

Sinceramente, uma entrevista a não perder!

18 junho, 2006

E ao sétimo dia...


Lago Pehoe, Chile

17 junho, 2006

GOOOOOOOLLLLLOOOOOOOOO!


Portugal garantiu hoje a passagem aos oitavos-de-final.
Siga p'ra bingo!

16 junho, 2006

Azambuja em "prime-time"


Há vários dias que Azambuja tem direito a destaque na comunicação social nacional e internacional. Hoje, repetiu-se: em todos os blocos informativos, Azambuja foi notícia.

Infelizmente, mais uma vez, Azambuja não é notícia por boas razões. Apenas é notícia por causa do (eventual) encerramento da unidade fabril da Opel e das greves que os trabalhadores decidiram desencadear.

Triste sorte a de Azambuja. Apenas conquista o “prime-time” das televisões e das rádios quando está na eminência de ficar com mais mil desempregados...

Vamos a Votos! - III

Depois da recusa inicial, Paula Teixeira da Cruz, vice-presidente da Comissão Política Nacional do PSD, anunciou ontem que, afinal, sempre será candidata à distrital de Lisboa e que conta com o apoio de Manuela Ferreira Leite e de Ferreira do Amaral.

Esta é uma candidatura politicamente forte. Desde logo, pelo próprio perfil de Paula Teixeira da Cruz e do mediatismo que o mesmo contém. Pelo apoio expresso de Marques Mendes e da sua Comissão Política Nacional, com todas as vantagens que daí decorrem (designadamente, ao nível do acesso a informação privilegiada). Pela colaboração activa do sector cavaquista do PSD.

Mas, esta força “formal” ainda não tem correspondência ao nível “material”. Face à actual correlação de forças na estrutura do PSD/Lisboa, a vitória de Paula Teixeira da Cruz está longe de ser conseguida com facilidade. Estas vão ser eleições directas e a última palavra será sempre dos militantes.

Por outro lado, qual é o projecto político que Paula Teixeira da Cruz vai apresentar para o PSD e para a Área Metropolitana de Lisboa? Irá esse projecto ao encontro das necessidades do Partido? Será um projecto que assume a reforma da Assembleia Distrital do PSD? Que tem a coragem de propor a formalização de estruturas concelhias em Lisboa, Sintra, Oeiras e Loures? Que implemente uma verdadeira estratégia autárquica, por forma a apoiar continuadamente as concelhias e os autarcas que estão na oposição? Será um projecto que está disposto a pôr o PSD na rua, ao lado das populações? Que estruture políticas metropolitanas em áreas como o Desemprego ou os Transportes?

Termino repetindo o que escrevi no meu post de 12 de Junho:

“Mais importante do que saber quem vão ser os candidatos, é conhecer o que pretendem fazer para que o PSD se afirme na Área Metropolitana de Lisboa como uma voz forte e actuante, uma voz que se faça ouvir em áreas como a Saúde, a Educação, a Qualidade de Vida ou o Ordenamento do Território.

Mais importante do que encontrar um candidato ao sabor das meras lógicas eleitorais internas, é saber se o seu projecto e equipa têm capacidade para responder aos desafios da formação política, enfrentar as entropias na organização interna ou implementar uma estratégia que aumente o número de câmaras com gestão social-democrata.

É isto que os militantes do PSD da Área Metropolitana de Lisboa querem. É isto que o PSD/Lisboa carece para ser, de novo, uma estrutura prestigiada e com força política.”

15 junho, 2006

Direita vs. Esquerda

Na sequência do comentário da Maria João ao “Excertos – IV” de ontem, quero aqui reafirmar que sou um social-democrata convicto.

Não sou social-democrata por uma qualquer razão sentimental ou clubística. Não sou social-democrata por causa da cor laranja (que nem gosto). Não sou social-democrata por gostar das setas do PSD, mas já o sou pelo seu significado.

Entre outras razões, que ficam para um outro post, acredito convictamente que a praxis reformista é aquela que melhor serve os interesses do Povo Português, nomeadamente para a construção de um Portugal com mais confiança, mais competitivo e baseado na excelência e na eficiência, um Portugal que não tenha medo de ocupar o seu lugar entre os melhores e que seja determinado na afirmação de uma sociedade mais justa e solidária.

Agora, as nossas referências literárias e/ou culturais não determinam se somos ou não de Direita ou de Esquerda. Esse é, aliás, um erro crasso da dita Esquerda portuguesa.

Na verdade, no tempo em que vivemos, a dicotomia Esquerda/Direita já não pode ser analisada nos termos que resultaram da Revolução Francesa ou a que nos temos habituado.

Hoje, é normal que uma proposta do Bloco de Esquerda recolha apoios no eleitorado do centro-direita. Mas, também é normal que um qualquer projecto do CDS-PP tenha aceitação no dito eleitorado da Esquerda.

Alguém duvida que a proposta de redução de impostos tem a simpatia da Direita à Esquerda? Alguém questiona que um projecto-de-lei para baixar as taxas moderadoras na Saúde consegue o apoio esmagador dos eleitores portugueses, do PCP ao PRN?

Por isso, o que é ser de Direita? O que é ser de Esquerda?

Para simplificar essa questão, e a título de mera sugestão, recomendo que respondam ao inquérito da POLITICAL COMPASS, cujo endereço é o seguinte:
http://politicalcompass.jpagel.net/questionnaire.php

Depois de responderem a este intrigante inquérito, de duas uma: Ou confirmam que são aquilo que pensam. Ou descobrem que não são aquilo que dizem.

14 junho, 2006

Excertos - IV

“O princípio essencial da Democracia, como te tenho dito, é o respeito da dignidade da pessoa humana. Nunca devemos conduzir os homens sem que eles se apercebam do que estão fazendo. Essa atitude é a do desprezo máximo; é tomar os outros como meras cousas, como inconscientes: não como pessoas. O maior crime para o democrata é o de tratar o próximo como um simples meio, e não como um fim. A Democracia, em suma, é aquele sistema em que se deseja para os homens o máximo possível de consciência. Queremos que cada um vá convencido, e muito consciente do caminho que segue.”
Diálogos de Doutrina Democrática, de António Sérgio

13 junho, 2006

A Separação dos Poderes

Com a Magna Charta (1215), a Petition of Right (1628) e a Bill of Rights (1689), a nação inglesa foi pioneira na consagração de direitos, liberdades e garantias do cidadão face ao Estado, bem como na estruturação do poder político tendo por base a separação dos poderes legislativo, executivo e judicial.

Não deixa, por isso, de ser interessante a polémica que se instalou ontem entre o Governo e os tribunais ingleses.

O Ministro da Administração Interna, John Reid, exigiu aos tribunais a revisão da sentença decretada contra Craig Sweeney, pois este, em pleno período de liberdade condicional, abusou sexualmente de uma menor de 3 anos de idade.

A questão de fundo é simples: pode o poder executivo (ou legislativo) interferir com o poder judicial e influenciar as suas decisões?

Parece-me que o cidadão John Reid pode e deve exigir tal revisão aos tribunais ingleses.
Agora, o Ministro John Reid, como titular do poder executivo, deve abster-se de se pronunciar sobre actos concretos do poder judicial, porque ao fazê-lo está a colocar em crise a separação dos poderes e, dessa forma, fica aberto o caminho para que o poder executivo passe a ficar “fora-da-lei” ou “acima-da-lei”. E se tal acontecer, a liberdade dos cidadãos fica em causa.

12 junho, 2006

Vamos a Votos! - II

Depois da marcação das eleições, começou a "roda-viva" dos nomes para putativos candidatos a presidente da Comissão Política Distrital do PSD da Área Metropolitana de Lisboa.

Marina Ferreira e Paula Teixeira da Cruz recusaram a candidatura. Carlos Carreiras anunciou no Congresso, mas ainda está à espera. Helena Lopes da Costa, ao que parece, reúne hoje para decidir se avança ou não. António Preto diz que já tomou a sua decisão e vai dando sinais de que poderá querer disputar um terceiro mandato. Fernando Seara está a ser pressionado para assumir uma candidatura, mas refugia-se num silêncio demasiado prolongado. Paes de Vaconcelos é a surpresa que Marques Mendes quer dar aos militantes do PSD/Lisboa. Ângelo Correia é ainda uma carta no baralho.

Não quero entrar na lógica simplista dos nomes. E considero isso um erro, pois tal apenas contribuirá para que a vida político-partidária continue a "fulanizar-se" em excesso.

O debate político não deve concentrar-se apenas à volta das personalidades, mas sobretudo em função dos projectos políticos e, no caso em apreço, dos projectos para o PSD e para a Área Metropolitana de Lisboa.

Mais importante do que saber quem vão ser os candidatos, é conhecer o que pretendem fazer para que o PSD se afirme na Área Metropolitana de Lisboa como uma voz forte e actuante, uma voz que se faça ouvir em áreas como a Saúde, a Educação, a Qualidade de Vida ou o Ordenamento do Território.

Mais importante do que encontrar um candidato ao sabor das meras lógicas eleitorais internas, é saber se o seu projecto e equipa têm capacidade para responder aos desafios da formação política, enfrentar as entropias na organização interna ou implementar uma estratégia que aumente o número de câmaras com gestão social-democrata.

É isto que os militantes do PSD da Área Metropolitana de Lisboa querem. É isto que o PSD/Lisboa carece para ser, de novo, uma estrutura prestigiada e com força política.

11 junho, 2006

E ao sétimo dia...


Kala Pattar, Nepal

10 junho, 2006

Não nos resignemos!

Ao discursar na sessão solene do Dia de Portugal, Cavaco Silva pediu hoje aos portugueses para não se resignarem face às dificuldades do país.
"Isso seria indigno do nosso passado, um desperdício do nosso presente e o adiar do nosso futuro", disse.
A mensagem de Cavaco foi simples: se Portugal quer enfrentar e vencer a actual crise, então não bastam os queixumes do costume, mas é preciso esforço, tenacidade, trabalho.
Este foi um discurso forte, mobilizador e responsabilizador.
Por isso, espero que os portugueses não tenham feito "ouvidos de mercador" e que cada um, com as responsabilidades que tem, dê o seu melhor. É o futuro dos nossos filhos que está em causa.

09 junho, 2006

Excertos - III

"(...) Repara: se a liberdade e a autoridade fossem duas cousas incompatíveis, nunca a liberdade poderia ser garantida pelo Estado, ser condicionada pela autoridade. Uma cousa não pode garantir, e condicionar, com aquilo que é incompatível, por isso mesmo que o nega, o destrói, o aniquila. Dizer, por um lado: «a liberdade e a autoridade são incompatíveis», e, por outro lado: «a autoridade é que garante a liberdade», é o mesmo que dizer que o gato, sendo incompatível com o rato, e matando-o, garante a vida do mesmo rato. Demais, todo o condicionamento da liberdade dum homem provém da necessidade de respeitar a dum outro; de maneira que é a liberdade que condiciona, ao cabo de contas, a autoridade. E é logicamente inevitável que seja assim, porque a autoridade nunca pode ser senão um meio; a autoridade só se justifica pelo fim que se propõe. Seria absurdo dizer a alguém: «exerço autoridade sobre ti, unicamente para exercer autoridade; e deves submeter-te a ela, só para te submeteres à minha pessoa; a minha autoridade é o seu próprio fim». Seria isso loucura, pois não é verdade? Quem exerce autoridade tem de se exprimir do seguinte modo: «exerço autoridade sobre ti, mas é tão-somente para te servir; é tão-só para o teu próprio bem, e para bem dos teus companheiros». Ora, qual é o maior bem duma pessoa, dum ser espiritual? Esse maior bem é a liberdade. A autoridade só se justifica, pois, quando é um meio para a liberdade"
Diálogos de Doutrina Democrática, de António Sérgio

08 junho, 2006

Um Oceano de Oportunidades

Hoje assinala-se o Dia Mundial dos Oceanos.

Lamentavelmente, em Portugal continuamos a não encarar o Mar como umas das nossas maiores riquezas e como umas das nossas maiores oportunidades de desenvolvimento. E tal é incompreensível, tanto mais que esta riqueza não é deslocalizável.

Como não nos resignamos a essa triste realidade, no último Congresso do PSD apresentámos a moção “Portugal com Ambição – Um Oceano de Oportunidades”, cujo 1.º subscritor foi o Luis Leandro.

Por isso, aqui publico na íntegra a moção “Portugal com Ambição – Um Oceano de Oportunidades”, a qual foi aprovada pelo XXIX Congresso Nacional do PSD.


PORTUGAL COM AMBIÇÃO
Um Oceano de Oportunidades


A geografia de um Portugal colocado no extremo do continente europeu e integrando os arquipélagos dos Açores e Madeira dota o nosso País de uma área de mar 18 vezes superior à sua área terrestre, a maior área marítima de um membro da União Europeia.

Não estamos perante um deserto líquido, outrossim diante de vasta massa de riqueza na sua maior parte inexplorada.

No Oceano Atlântico sob a nossa jurisdição reside o maior recurso natural que temos para o desenvolvimento sustentado do futuro de Portugal.

Sendo o nosso País parco em recursos naturais, a ignorância da vastidão de oportunidades que nos são oferecidas pelo Oceano é, mais do que um desperdício, um crime de lesa-pátria.

Por isso mesmo, um governo liderado pelo PSD criou uma Comissão Estratégica dos Oceanos que efectuou um trabalho meritório. Importa que o PSD não deixe cair todo esse trabalho na gaveta do esquecimento e o integre como factor essencial do seu programa político. Esse é o objectivo primordial desta proposta temática ao XXIX Congresso Nacional do Partido Social Democrata.

Portugal precisa de uma política abrangente, predeterminada e de longo prazo para gerir a enorme área marítima sob sua jurisdição, que corresponde a mais de metade de todo o mar da União Europeia.

Nas últimas três décadas, os indicadores estatísticos de praticamente todas as actividades marítimas revelam que o país se afastou do mar, o que é um movimento contra a nossa natureza e a lógica geográficas.

O Mar é intrínseco à riqueza histórica e cultural de Portugal e, consequentemente, é um pilar da nossa identidade. Porém, o nosso País tem vindo progressivamente a ter com ele uma relação equívoca, quando não mesmo desleixada.

Na verdade, a marinha mercante quase desapareceu, há falta de investimentos que permitam obter eficiência da nossa frota pesqueira, desapareceu uma boa parte da indústria conserveira nacional, os portos são operados sob condições bastas vezes arcaicas, muito rígidas a nível laboral, e sem vias ferroviárias e rodoviárias adequadas ao escoamento dos produtos para o interior do continente europeu ou do continente europeu para o resto do mundo (os portos perderam cerca de dois terços da quota de comércio externo para o transporte rodoviário).

Muito tempo já se perdeu sem o devido investimento na investigação do mar e das suas fontes de riqueza.

O desordenamento costeiro é flagrante.

De positivo, aconteceu o crescimento do turismo da linha de costa, o aumento do número de passageiros dos navios de cruzeiro e o desenvolvimento da marinha de recreio, mas mesmo assim com indicadores muito abaixo dos de outros parceiros da U.E. É pelo menos isso que se pode concluir dos seguintes resultados visíveis da política da U.E., segundo o Sjofartens Analys Institut da Noruega:

  • Holanda de 1996 a 2001 – O número de navios mercantes e a tonelagem aumentaram, respectivamente, 40% e 37%. O número de tripulantes nacionais subiu 34% e o total cresceu 69%;
  • Reino Unido de 2000 a 2002 – O número de navios e a tonelagem aumentaram 13% e 57%. O número de instruendos a bordo subiu 35%;
  • Dinamarca de 1988 a 2003 – Construiu a frota mais moderna do mundo e mais do que duplicou a tonelagem;
  • Portugal de 1986 a 2003 – Segundo dados do Instituto Portuário e de Transportes Marítimos, o número de navios reduziu-se de 72 para 22 e a tonelagem diminuiu 87%.

A quota relativamente reduzida dos portos portugueses no tráfego portuário das mercadorias da U.E., em penúltimo lugar logo a seguir à Irlanda, com óbvia exclusão da Áustria e do Luxemburgo.

A náutica de recreio tem, em valor relativo, um peso reduzido, quer em termos de embarcações, quer de marinas, apesar de ter crescido, entre 1994 e 2003, a um ritmo de 9% ao ano. Por exemplo, em Portugal há 188 habitantes por embarcação de recreio, enquanto que esse indicador é de 68 em Itália, 66,5 em França, 7 na Finlândia, 6,8 na Noruega e 6,7 na Suécia;

O tráfego marítimo nacional movimenta cerca de sessenta milhões de toneladas de carga por ano. O valor aproximado das mercadorias transitadas pelos portos nacionais é de trinta e cinco milhares de milhões de euros por ano, gerando receitas que representam cerca de 12% do PIB.

O objectivo fundamental do sistema portuário deve ser a facilitação das trocas comerciais, isto é, a criação de vantagens competitivas para os importadores e exportadores nacionais. Por isso a política de investimentos dever ter em conta não só o retorno financeiro da actividade portuária mas, sobretudo, o impacto desse investimento no tecido económico nacional. O sistema portuário português é caracterizado por processos administrativos excessivamente burocráticos e por legislação laboral anacrónica, que requerem alteração urgente.

No tráfego de longo curso, é o serviço de linhas regulares que oferece o melhor potencial de desenvolvimento. Enquanto Espanha dispõe de megaterminais em quatro portos, com inerentes vantagens para o seu comércio marítimo, Portugal apenas dispõe do Terminal XXI em Sines, que tem encontrado grandes dificuldades no seu arranque comercial, sobretudo por razões administrativas.

O transporte marítimo de curta distância (“TMCD”), é o tráfego marítimo de carga e passageiros entre portos da UE ou a eles ligados por mares interiores. Não obstante oferecer consideráveis vantagens económicas e ambientais, o TMCD tem registado um crescimento inferior ao do tráfego rodoviário. Esta situação é particularmente acentuada em Portugal, em que as exportações por rodovia atingem o dobro do volume das exportações por TMCD.

Mas o transporte marítimo deve ser encarado como parte de uma cadeia de transporte, caracterizada por interfaces multimodais onde todos os nossos portos devem estar ligados a estações de caminhos de ferro, a auto-estradas que permitam o escoamento das mercadorias para o centro da Europa, e com acessos rodo-ferroviários aos aeroportos nacionais.

As estatísticas mostram, que o comércio marítimo mundial está a crescer cerca de 12% ao ano, diminuindo continuamente os custos e promovendo o mercado global. O aumento do comércio global acarreta um aumento do tráfego marítimo. Os custos de transporte ditam a supremacia de grandes navios de contentores para longas distâncias, escolhendo portos capazes de os acolher e distribuir logisticamente as mercadorias para cargueiros de menor porte, comboios ou camiões que levem os produtos às áreas de destino final. Apesar da nossa área de costa e até da dimensão de alguns dos nossos portos, Portugal tem perdido para Espanha muito deste tráfego, essencialmente devido a más condições de operacionalidade nos portos, de custos administrativos e alfandegários elevados, de falta de vias ferroviárias e rodoviárias capazes de assegurar o escoamento eficaz das mercadorias.

Esta é uma questão tanto mais relevante quanto o peso de elevados custos logísticos pode vir a reflectir-se na deslocalização de Portugal de unidades industriais, de que damos como exemplos a Auto-Europa ou a General Motors.

Como se compreende que um país gaste milhões a analisar se deve fazer um aeroporto novo ou uma linha de alta velocidade para passageiros – ambos de duvidosa viabilidade económica – ao mesmo tempo que deixava, ano após ano, um grande porto como o de Sines ser servido apenas por uma má estrada e uma via ferroviária de sentido único?

Como se compreende que o governo socialista venha agora apresentar uma Rede Nacional de Plataformas Logísticas sem sequer prever desde já o impacto do aeroporto na Ota que ele próprio se propõe fazer?

Estes factos só se compreendem por estarmos diante de uma política de vistas curtas, mas que muito tem custado ao País!

A extracção de energia, do mar tem grande potencial de crescimento e pode compensar a insuficiência da produção energética nacional.

A energia produzida pelas ondas é uma oportunidade para Portugal a nível económico. Em média, cada metro de rebentação das ondas no litoral português pode fornecer electricidade a 40 habitações. Portugal está numa média de 40 kW (kilowatts) por metro de costa, quando os valores mais elevados no continente europeu estão nos 70 kW (caso do Reino Unido).

O objectivo no aproveitamento da energia das ondas é rentabilizar ao máximo a extraordinária energia que as ondas transportam através do oceano. No mapa do potencial das ondas, Portugal tem águas profundas próximo da costa e portos com estaleiros navais próximos dos possíveis locais de instalação, assim como todo um litoral ligado à rede eléctrica nacional.

Também o turismo induzido pelo mar está a evoluir rapidamente e constitui, em muitos países, forte pilar das economias nacionais.

O Oceano envolve-nos de potencialidades económicas, científicas, culturais e de lazer, todas elas entrecruzadas.

Do imenso naipe, recordemos algumas dessas potencialidades:

  • O interface de transporte marítimo transoceânico com a Europa, articulando infra-estruturas portuárias com as vias ferroviárias, rodoviárias e os aeroportos;
  • O aproveitamento sustentado dos recursos piscatórios;
  • A exploração de infra-estruturas de atracagem para embarcações de recreio náutico;
  • O incremento turístico, não exclusivamente virado para as praias, mas também focando outras facetas, entre as quais se incluem os desportos náuticos ou as actividades subaquáticas;
  • A exploração arqueológica submarina;
  • O desenvolvimento de projectos de investigação que nos tragam rigoroso conhecimento das potencialidades de exploração sustentada de recursos biológicos e minerais;
  • A conservação e aproveitamento das infra-estruturas patrimoniais costeiras, entre as quais se encontram muitos monumentos em estado de abandono.

Por fim, mas não por último, há que ter consciência de que a imensa área oceânica de que desfrutamos nos confere vantagens e responsabilidades únicas de índole geo-estratégica.

Portugal deve ser a ponte que liga a Europa às Américas e a África, assumindo-se como o motor de projectos de cooperação económica, científica, cultural e de defesa marítima, até nos próprios quadros da União Europeia e da NATO.

A aposta no Mar como grande desígnio estratégico do País é uma aposta a concretizar desde já, e cujos frutos podem se podem colher no Presente e no Futuro.

Para Portugal, o Atlântico é um Oceano de oportunidades!

Agora, é tempo de nos deixarmos de lamentos e passarmos à acção. O XXIX Congresso Nacional do Partido Social Democrata delibera incorporar como vector estratégico do seu programa governativo para o País uma política do Oceano, a qual nomeadamente visa:

1) Assumir a importância das regiões autónomas dos Açores e da Madeira no domínio oceânico, articulando com os respectivos governos a definição e execução das políticas nesta área;
2) Reforçar a componente do Oceano nos planos de estudos do ensino básico e secundário;
3) Apoiar projectos de investigação científica na área, premiando-os quando conjuguem os esforços de diversas instituições de ensino e envolvam empresas;
4) Reavaliar urgentemente os processos burocráticos em todo o conjunto de actividades relacionadas com o Mar, simplificando os essenciais e suprimindo os desnecessários;
5) Modernizar e internacionalizar as infra-estruturas portuárias, com vista a utilizar o território nacional ao nível do escoamento das mercadorias como porta de acesso e como porta de saída da UE, mas sem esquecer o transporte de curta distância, privilegiando os processos de automação e premiando especialmente os que se articulem com centros de investigação e empresas nacionais no desenvolvimento e incorporação de tecnologia;
6) Elaborar e implementar planos integrados de ordenamento e expansão dos portos, em articulação com planos integrados de gestão dos estuários;
7) Criar um quadro que garanta um funcionamento dos portos mais competitivo, mais eficiente e que assegure uma ampla transparência e concorrência no mercado portuário;
8) Assumir como prioritária, a nível nacional e junto da UE, uma política de ligação rápida das nossas infra-estruturas portuárias ao centro do continente europeu;
9) Aproveitar os programas comunitários neste âmbito, nomeadamente o Marco Polo, para incrementar as ligações de transporte marítimo entre os nossos portos e os outros portos da Europa, bem como dotá-los das ligações ferroviárias adequadas ao rápido escoamento das mercadorias;
10) Criar incentivos fiscais ao investimento nas frotas e construção naval;
11) Fazer o aproveitamento sustentado dos recursos piscatórios, alicerçado em estudos que permitam definir perspectivas de médio e longo prazo para os armadores, revitalizando consequentemente a frota pesqueira;
12) Proteger as comunidades piscatórias e as artes tradicionais, em consonância com os recursos biológicos disponíveis;
13) Apoiar a criação de explorações de aquacultura e projectos de biotecnologia, premiando-os quando exista a integração e aproveitamento de recursos humanos e científico-tecnológicos com instituições do Estado, mormente as do Ensino Superior;
14) Investir no reforço dos meios de vigilância e segurança na ZEE, dando o devido peso desta componente no equipamento das forças armadas e policiais;
15) Adoptar políticas de Incentivo e promoção ao desenvolvimento da náutica de recreio e das actividades marítimo-turísticas, desenvolvendo infra-estruturas, repensando a legislação fiscal aplicável, e reduzindo a burocracia e as formalidades onerosas que impendem, em geral, sobre todas as actividades de lazer ligadas ao Mar;
16) Estimular a exploração arqueológica submarina, diminuindo a percentagem do Estado nos salvados;
17) Assumir como estratégica a indústria da construção naval e as que lhes estão associadas, e adoptar uma política de apoio, incentivando a sua modernização, reestruturação e posicionamento no mercado global que é, estimulando a especialização em nichos de alto valor tecnológico, onde os baixos salários dos países emergentes não a afectam;
18) Incrementar as actividades de investigação e desenvolvimento na área das energias renováveis;De forma geral, dar continuidade prática ao trabalho da Comissão Estratégica dos Oceanos, consubstanciado no relatório por ela apresentado.

07 junho, 2006

Vamos a Votos! - I

O mandato dos actuais órgãos distritais do PSD/Lisboa termina no próximo dia 9 de Julho. O Presidente da Mesa, Henrique Freitas, no cumprimento dos Estatutos e Regulamentos do PSD, convocou as respectivas eleições para o dia 13 de Julho. Uma escolha perfeitamente equilibrada e racional.

Por isso, não compreendo as dúvidas daqueles que agora dizem que "as eleições deveriam ser mais tarde, em Outubro" ou que "elas poderiam ser agora, mas tínhamos de ser informados com mais antecedência".
Com tanto calculismo e tacticismo, os vários proto-candidatos à Comissão Política Distrital esqueceram-se do mais óbvio: as eleições poderiam ser convocadas para uma data próxima do dia em que o mandato efectivamente termina.
Os meus parabéns ao Henrique Freitas. Optou pela solução normal, num partido que teima em tornar regra situações anormais.

A Vitória dos Direitos do Homem

O Senado e a Câmara dos Representantes das Filipinas aprovaram esta noite a abolição da pena de morte.
Agora, e de acordo com a respectiva lei constitucional, apenas falta a ratificação pela Presidente da República, Gloria Macapagal Arroyo, para que esta medida entre em vigor e beneficie os cerca de 1000 condenados que esperavam a sua sorte no “corredor da morte”.
Esta decisão do poder político filipino foi aprovada por larga maioria em ambas as câmaras: no Senado, o fim da pena capital recolheu 16 votos a favor e uma abstenção; na Câmara dos Representantes, a medida foi aprovada com 119 votos a favor, 20 contra e uma abstenção.
Portugal foi um país pioneiro na abolição da pena de morte. Cento e poucos anos depois, é bom ver que outros Estados seguem o exemplo português.
Tarde e a más horas, mas também nas Filipinas os direitos do homem venceram.

06 junho, 2006

A Derrota do Radicalismo

A vitória de Alan García na segunda volta das eleições presidenciais peruanas é o triunfo do "mal menor".

Esta conclusão pode soar chocante para os que têm na memória o desastre que foi a sua primeira Presidência, entre 1985 e 1990. García deixou então o seu país cheio de problemas, com hiperinflação, violência terrorista promovida pelo Sendero Luminoso e muita corrupção.

Sucede que a alternativa ao ex-presidente García era ainda mais temível. Quem disputou a segunda volta com García foi Ollanta Humala, um ex-militar que já participou numa revolta militar e que tinha como únicas credenciais um discurso nacionalista histriónico e o apoio do presidente venezuelano, Hugo Chávez.

Eis algumas das promessas de Humala: a proibição de companhias estrangeiras em sectores "estratégicos" e a industrialização da produção de folhas de coca!...

Mais. Humala foi acusado de esconder as suas verdadeiras posições, que seriam tão radicais quanto as do resto da sua família: o pai e o irmão militam num partido que pretende refundar o império inca, numa democracia exclusiva para índios e mestizos!?

Registo que, finalmente, os eleitores derrotaram o populismo desmedido e a esquerda utópica e frentista que encontra em Chávez o “sol que ilumina a América do Sul”.

05 junho, 2006

Dossier Educação - III

Nos últimos 32 anos, o PSD foi o partido político que mais ministros da Educação indicou ou escolheu.

Apesar das muitas iniciativas positivas que esses ministros tomaram, a verdade é que o PSD também é co-responsável pela panóplia de falhas e erros do actual sistema educativo, nomeadamente ao nível do insucesso escolar, pois não teve ousadia (ou força) suficiente para construir um ensino assente no mérito e na excelência, mas também na justiça social.

Esta falta de ousadia do PSD resulta, designadamente, do facto da Educação ter praticamente sumido do debate político interno. Tempos houve em que o Partido Social Democrata e a JSD discutiam, pensavam, a Educação. Discutiam-na nos Congressos. Nas Assembleias Distritais. Nos Encontros de Formação (que saudade que tenho dos Encontros de Estudantes Social Democratas, realizados anualmente em Vila Franca de Xira). Agora é um tema, como tantos outros, que não se discute.

Veja-se o que se passou no último Congresso do PSD. Apenas foram apresentados dois documentos sobre este importante tema: a moção “Educar com Qualidade”, que teve como 1.º subscritor o João Mesquita, e a moção “Portugal com Ambição – Educação com Sentido”, cuja 1.ª subscritora foi a Fernanda Velez.

Apoiei sem reservas a moção “Portugal com Ambição – Educação com Sentido”, até porque a mesma se integrou num conjunto bem mais vasto de propostas temáticas, que assumiam uma linha de pensamento comum – a construção de um Portugal com Ambição, com confiança, competitivo e baseado na excelência e na eficiência, que não tenha medo de ocupar o seu lugar entre os melhores e seja determinado na afirmação de uma sociedade mais justa e solidária.

Por isso, aqui publico na íntegra a moção “Portugal com Ambição – Educação com Sentido”, a qual foi aprovada pelo XXIX Congresso Nacional do PSD.



PORTUGAL COM AMBIÇÃO
Educação com Sentido


“Nenhuma sociedade tem futuro sem uma educação séria...”, D. António Marcelino, Bispo de Aveiro

“A educação é a melhor arma para mudar o mundo.”, Nelson Mandela


A Educação é a chave para o desenvolvimento de qualquer sociedade, pelo que é essencial que Portugal vença a “batalha dos cérebros”.

No entanto, a Educação raramente é pensada como factor fundamental de desenvolvimento social, cultural e económico.

Na realidade, à excepção da 1ª República, período em que, efectivamente, se pensou na valorização da educação, com a abertura de mais escolas, como forma de promover a formação dos cidadãos, os restantes exemplos foram pouco positivos.

Recuando um pouco na História, basta recordar a posição de Sebastião José de Carvalho e Melo, Marquês de Pombal. Tão empenhado em reconstruir o país, após o terramoto, expulsou os jesuítas que eram, à data, os responsáveis pela educação em Portugal. Ou, o receio do Estado Novo, que chegou a temer que a instrução poderia pôr em perigo a estabilidade da nação e os seus valores!...

Mais recentemente, com a “paixão” do executivo do eng.º Guterres, os investimentos em educação e formação foram significativos, mas a sua aplicação é questionável. De facto, continuamos muito aquém na concretização dessa ambição de uma sociedade com mais qualificação e mais justiça social.

As políticas educativas dos sucessivos governos têm-se pautado por um constante imobilismo, pela falta de criatividade política dos seus decisores e pela ausência de uma política coerente e estável.
A sucessão de governos, ministros e secretários de estado tem dado lugar a intervenções e mudanças sistemáticas que põem em causa a formação pessoal, social e profissional das nossas crianças e jovens.

Reforma após reforma, reformando as reformas, dando passos em frente e passos atrás, aprovando diplomas pontuais e revogando ou reformulando outros, a distância entre as intenções proclamadas e os resultados continua a ser abissal. Atente-se nos últimos resultados do relatório PISA.

É do senso comum que as reformas introduzidas no início da escolaridade só produzem efeitos passados 9, 12 ou 16/17 anos depois. E os resultados que a escola consegue dependem, naturalmente, da coerência das políticas educativas que se sucedem, da lógica do sistema educativo em geral, dos recursos e condições de funcionamento das escolas, das condições de autonomia e responsabilização das comunidades educativas, e do ambiente mais ou menos educativo do meio envolvente.

Atravessamos um momento de crise económica e social, em que a limitação de recursos se faz sentir de forma acentuada. Isso implica maior lucidez na avaliação da situação e das políticas implementadas e na análise das medidas a implementar. Temos que ser conscientes nas prioridades que estabelecemos, criteriosos na sua aplicação e exigentes na sua gestão.

Promover o aumento das qualificações de todos, combater o abandono e insucesso escolar, melhorar a qualidade dos investimentos em educação e formação, consolidar o acesso à educação e formação ao longo da vida, intensificar as relações entre o ensino e o sector empresarial, investir na inovação e na criatividade, garantir carreiras atractivas e dignificadas, promover a estabilidade e sustentabilidade de emprego para trabalhadores docentes e não docentes, são opções básicas para o desenvolvimento nacional, ou seja, para um sistema educativo capaz de proporcionar uma qualificação ao nível das habilitações médias que permita colocar os portugueses na linha da frente em matéria de produtividade e de competitividade.

Assim, o PSD tem que defender um sistema de ensino centrado no ALUNO, um sistema de ensino promotor de competências, em que o conceito de ESCOLA deixe de ser o de um local de aprendizagem empírica e se torne uma referência na integração do indivíduo na sociedade, contribuindo para manter a identidade cultural a nível local e nacional. Um ensino assente numa cultura de exigência, que prepare os nossos jovens para os desafios da globalização e que dignifique e valorize o papel do professor.

Neste sentido, deve-se procurar criar condições de trabalho para professores e alunos, promovendo intervenções que garantam uma melhoria das infra-estruturas disponíveis e necessárias, ao mesmo tempo que será exigido um esforço de forma a disponibilizar os materiais pedagógicos indispensáveis a uma boa prática educativa.

Deste modo, a renovação do parque escolar (construindo ou remodelando instalações), a criação de facilidades no acesso à escola (através da oferta de serviços de transportes necessários às populações), o apoio às famílias carenciadas (de forma a contribuir para um maior sucesso educativo das crianças e jovens), a oferta às escolas de condições materiais para o cumprimento dos seus projectos educativos, o apetrechamento das escolas com os equipamentos adequados a aprendizagens significativas e a integração das escolas na rede dos novos meios de comunicação, são orientações básicas que devemos levar por diante, de modo a podermos valorizar o esforço de todos, em particular das crianças e jovens, que pretendemos que sejam futuros cidadãos conscientes dos seus direitos e deveres, enquanto membros da comunidade a que pertencem.

Para a consecução destes objectivos, o XXIX Congresso Nacional do PSD considera como imperativo nacional:
Melhorar os resultados escolares, numa cultura de exigência e de prestação de contas, combatendo o abandono, o insucesso e a exclusão, por uma escola de qualidade com equidade
Apostar no aumento da oferta e incentivo à frequência da educação para a infância, na implementação de medidas de combate adequadas às diferentes situações de abandono escolar precoce e na diferenciação e diversidade de respostas educativas (de acordo com ritmos de aprendizagem, capacidades e motivações dos nossos alunos) são três objectivos imperiosos.

Educar para a participação e intervenção na vida da comunidade
Nas sociedades modernas, a escola deve ter, cada vez mais, associada à sua função educativa, uma outra função social de formação do espírito de cidadania.
Neste contexto, há que fomentar actividades em áreas como a expressão físico-motora e o desporto na escola, a criatividade e as expressões artísticas, a criação de bibliotecas escolares e a formação de leitores, o conhecimento e a defesa do património, a educação cívica e o exercício da cidadania.

Promover uma verdadeira justiça social
O Estado não pode limitar a sua acção à existência de um serviço público de educação e formação minimalista ou residual. A sociedade portuguesa tem que responder às necessidades de apoio que muitas famílias têm para assegurar espaços e tempos educativos e de desenvolvimento harmonioso dos seus educandos.

Rever a Lei de Bases do Sistema Educativo
Uma revisão que contemple a participação de toda a sociedade e que resulte num documento consensual que responda aos novos tempos e às novas exigências com princípios promotores do sucesso educativo.

Formação de docentes exigente do ponto de vista científico e pedagógico, bem como formação de trabalhadores não docentes adequada aos diferentes níveis de exigência
A qualidade do sistema educativo requer formação inicial e formação contínua elevada e exigente para docentes e não docentes.

Desburocratização das tarefas exigidas ao professor
As tarefas burocrático-administrativas que hoje são solicitadas ao professor reduzem-lhe substancialmente o tempo para a realização do trabalho individual (e em equipa) de preparação de aulas, de apoio aos alunos e de articulação de metodologias e de estratégias.

Estatutos dignificadores dos trabalhadores docentes e não docentes
O professor é, com o apoio de outros profissionais da educação e das famílias dos alunos, o elemento nuclear da qualidade e do sucesso da escola.
É por isso que o estatuto e a carreira dos trabalhadores docentes e não docentes devem reconhecer não só a complexidade e relevância, como as especiais exigências ligadas à actividade destes profissionais.

Estabilidade de quadros dos trabalhadores docentes e não docentes, sem precariedade e sem desemprego
A valorização dos quadros de escola, de docentes e não docentes, através do seu correcto dimensionamento, ajustando a sua dimensão às necessidades permanentes das escolas é fundamental para conseguirmos a tão desejada estabilidade do sistema de ensino.
Ensino superior diversificado, exigente e de aposta na investigação e na inovação
Financiamento adequado e ajustado aos projectos e metas a atingir ao nível do ensino, da investigação, dos serviços e da ligação ao meio, de forma a permitir a implementação dos princípios constantes no Processo de Bolonha.

O Processo de Bolonha corresponde ao propósito da construção do Espaço Europeu do Ensino Superior, coeso, competitivo e atractivo para docentes e discentes europeus e de países terceiros.

O PSD terá de fazer-se ouvir em relação à implementação do Processo de Bolonha em Portugal e deve centrar-se em questões essenciais, nomeadamente: Como estabelecer regras de leitura comum para as formações realizadas no espaço europeu? Quais os perfis de formação correspondentes aos vários ciclos de formação universitária? Que mecanismos introduzir para garantir qualidade e relevância às formações concedidas? Em suma, numa universidade que se universaliza, como manter um saudável balanço entre excelência e ensino superior para todos?

Estas questões assumem particular importância, até porque, para um país como Portugal, situado na (semi)periferia europeia (e não apenas, nem fundamentalmente, no sentido geográfico), não estar na primeira linha das reformas institucionais significa, obrigatoriamente, o reforço dessa condição (semi)periférica. E, para a União Europeia, significa abandonar de vez os objectivos traçados na cimeira de Lisboa: tornar-se a economia mais competitiva do mundo, mantendo os elevados níveis de protecção e solidariedade social, próprios do Estado providência construído nas sociedades nacionais da generalidade dos seus Estados membros.
Uma cultura de avaliação a todos os níveis
Avaliação das políticas, da administração central e regional da educação, das escolas de todos os níveis de ensino, das aprendizagens dos alunos, do trabalho dos docentes e dos trabalhadores não docentes. Esta cultura de avaliação (nas suas dimensões interna e externa) será um elemento referencial para a tomada de decisões conducentes ao aumento da qualidade do sistema educativo.

Revisão dos programas
Revisão global dos conteúdos, ajustando-os ao conjunto de conhecimentos e de competências que razoavelmente devem ser adquiridos em cada ciclo de ensino.

Autonomia, gestão e financiamento dos estabelecimentos de ensino
Distinção clara entre órgãos de direcção e de gestão, estabelecendo ao nível da primeira a participação dos representantes dos diferentes actores que integram a comunidade educativa.
Respeitar a autonomia com a correlativa responsabilização, mas assegurando os meios para a consecução dos objectivos a atingir.

Financiamento do aluno (cheque ensino)
O Estado não tem o direito de ser ele a escolher o estabelecimento de ensino que o aluno tem que frequentar. Isso cabe ao aluno e/ou ao seu encarregado de educação.
No sentido de promover a excelência e para garantir a preservação do princípio da igualdade dos cidadãos no acesso ao ensino, está na altura do Estado facultar ao encarregado de educação o valor que investe com o seu educando (cheque ensino). Seleccionado, pelo aluno e pela família, o estabelecimento a frequentar, o “cheque ensino” reverterá a favor dessa instituição.
Qualificação dos espaços e recursos das escolas
A população escolar tem direito a espaços e recursos educativos de qualidade para o desenvolvimento integral da actividade pedagógica.

Clarificar o âmbito de intervenção das autarquias na área da educação
É imperioso clarificar a distribuição de competências e responsabilidades entre os diversos níveis da administração – central, regional, municipal e institucional.
A intervenção autárquica deve, obviamente, respeitar a autonomia das escolas e não pode desresponsabilizar a administração central no que respeita à regulação da oferta(rede) educativa e da gestão dos recursos humanos da educação.

Escolas com recursos humanos e materiais para apoio à diversidade
Introdução da escola a tempo inteiro, o que pode ser realizado em parceria com a iniciativa privada. Uma escola a tempo inteiro, de qualidade, quer nas actividades que constituem o currículo, quer em actividades extracurriculares.
Revisão da legislação do ensino especial e dos apoios sócio-educativos

Reordenamento criterioso da rede escolar
O processo de encerramento de escolas ou a sua afectação a outros serviços de interesse público deve ser conduzido com a participação das autarquias e dos pais/encarregados de educação, num processo sério de diálogo e negociação.

“Admiro cada vez mais os educadores que não desistem e os jovens que prosseguem no caminho que traçaram, resistindo às influências que os rodeiam.”, D. António Marcelino, Bispo de Aveiro


O PSD também não pode desistir!

Ao PSD não chega dizer “mea culpa”.

Saibamos reconhecer os erros do passado, preparando consciente e convenientemente o futuro.

Certamente que os portugueses voltarão a chamar-nos para governar Portugal. Temos pouco tempo, temos que ser céleres na definição de uma política educativa que não ande ao sabor do ministro que ocupa essa pasta. Uma política coerente e estável que seja um projecto credível e de futuro para o ensino em Portugal.

Só com a congregação de todos os esforços, humanos e materiais, poderemos recuperar a distância que nos separa de outros países mais desenvolvidos e fazer acontecer um Portugal mais justo, coeso e capaz de assegurar os direitos sociais, culturais e ambientais que caracterizam o modelo europeu.

Todos somos poucos se queremos pensar a educação como “arma” para promover mudanças efectivas e tão necessárias no nosso país.

Todos somos poucos para construir uma escola que se afirme e que nos ajude a perspectivar cidadãos de maior qualidade. Uma Escola com futuro!

Dossier Educação - II

Face à frontalidade e oportunidade da entrevista concedida pela investigadora Maria Filomena Mónica, publicada este fim-de-semana no Expresso, aqui reproduzo os trechos mais significativos.
"A escola não é democrática...
Não pode ser. Há na escola uma hierarquia de poder: o professor sabe, o aluno não.
Os Governos receiam essa ideia?
Tanto os ministros do PS como do PSD. O estranho é que ambos vivem banhados numa cultura da esquerda de 68: «somos todos iguais, aprender é um prazer, é proibido proibir». Essas tretas entraram mesmo na direita portuguesa que não foi capaz de produzir uma ideologia alternativa. É uma espécie de fruto mau de uma árvore boa: é claro que os professores têm de saber ensinar, que as aulas têm de ser atractivas. Mas também têm de saber e poder exercer o seu poder. Acabar com os "chumbos" foi péssimo.
(...)
O Ministério não se adaptou?
Não e os professores têm todas as razões de queixa. Porque o Ministério, em vez de criar um regulamento disciplinar para punir os alunos, optou por uma aberração que subverte o poder do professor. É um disparate completo! Considera as partes iguais, numa altura em que os professores têm perante si selvagens. Porque o que dantes a família fazia, deixou de fazer. Desapareceu a cultura patriarcal e muitas famílias não sabem ou não podem transmitir normas básicas.
(...)
Estamos há 30 anos a reformar a educação. O que há de tão errado que ninguém consegue resolver?
Muitos ministros olharam para a educação como se fosse um lego: tira-se daqui, põe-se ali, faz-se um quadradinho. Transformam tudo em organigramas, em grandes esquemas, grandes revoluções. Tem de se ir passo a passo. O que se passa em Portugal é muito deprimente. É um atraso crónico. Em 1640 havia mais ingleses a saber ler e escrever do que em Portugal em 1940! O nosso analfabetismo está muito enraízado."

Dossier Educação - I

Na última semana, a Educação esteve na ordem do dia. E isto não obstante as sucessivas reportagens sobre a Selecção Nacional e o Mundial, os directos do Rock in Rio, as primeiras imagens da nova época de incêndios florestais...

Primeiro foram as declarações da Ministra da Educação, Maria de Lurdes Rodrigues, nas quais apontou aos professores responsabilidades várias pelos constantes índices de insucesso escolar. Na 3.ª feira, foi a transmissão pela RTP de uma impressionante reportagem sobre a violência nas nossas escolas. Depois foi o anúncio pela FENPROF de mais uma greve. De seguida, veio o PSD apresentar um conjunto de propostas para a área da Educação e Ensino Superior, onde se inclui a possibilidade das escolas não serem geridas por professores. No domingo foi a entrevista da Ministra da Educação ao programa “Diga lá, Excelência”.

Não conheço a Dra. Maria de Lurdes Rodrigues. Mas, confesso, que tenho uma opinião positiva sobre o seu desempenho à frente do Ministério da Educação. E o que se passou na semana passada confirmou esta minha visão.

Em vez de prometer mais uma “Grande Reforma da Educação”, a Ministra adopta pequenas medidas que podem desbloquear algumas das eternas entropias do sistema educativo. Em vez de pedir mais dinheiro e de atirar este para cima dos problemas, a Ministra assume que o orçamento é suficiente e que tem de ser gerido melhor. Em vez de silenciar cumplicemente os interesses instalados, a Ministra diz o que lhe vai na alma e torna público o que milhares de famílias sentem na pele. Em vez de ter uma postura conservadora, a Ministra é desassombrada e quantas vezes politicamente incorrecta.
A Ministra choca. Choca os professores. Choca os funcionários do Ministério. Choca os pedagogos. Choca os alunos. Choca os livreiros. E ao chocar os interesses e as corporações, a Ministra está a dizer ao País que assim não vamos lá e que é mesmo preciso fazer mudanças, doa a quem doer.

Excertos - II

"E Zakarakis, em contrapartida, não te compreendia. Como poderia compreender-te? O que tu exprimias e representavas distava mais do seu pobre mundo do que a Alfa de Centauro dista da Terra. Desataria a rir se lhe tivessem explicado que o verdadeiro herói nunca se rende, que aquilo que o distingue dos outros não é o grande gesto inicial ou a altivez com que enfrenta as torturas e a morte, mas sim a constância com que se repete, a paciência com que suporta e reage, o orgulho com o qual oculta os seus sofrimentos e os faz ricochetear na cara de quem lhos impõe. O seu segredo é não se resignar, não se considerar vítima, não mostrar aos outros tristeza ou desespero."
Um Homem, de Oriana Fallaci

04 junho, 2006

E ao sétimo dia...


Glendalough Lower Lake, Irlanda

03 junho, 2006

A Crise da GM

A fábrica da GM em Azambuja, fundada em 1963, pode ser encerrada até ao fim do ano em curso. A confirmar-se esta intenção, os impactos na economia local e nacional serão enormes. Cerca de 1100 agregados familiares de Azambuja e de outros municípios contíguos terão no seu seio, pelo menos, um desempregado. As receitas da Câmara de Azambuja irão diminuir, o que vai adiar obras importantes para a qualidade de vida da população. O país também perde, porque teremos menos uma unidade industrial a fabricar e a exportar, com todas as consequências que daí advirão para a balança de transacções e para os índices da tão desejada retoma económica.

Para fundamentar o encerramento e a consequente transferência da produção do Combo para a fábrica de Zaragoça, a GM tornou público um estudo interno que identifica uma alegada desvantagem de 500 euros na produção de cada veículo na fábrica de Azambuja, face a outros locais da Europa.

Ou seja, aparentemente, o problema da fábrica é a falta de produtividade dos seus trabalhadores e o nível das suas remunerações.

Quanto à falta de produtividade, o argumento tem de necessariamente cair por terra. Ano após ano, os trabalhadores da GM de Azambuja têm demonstrado que são dos mais produtivos da estrutura mundial da General Motors. E como tal têm sido referenciados nos mais diversos estudos da GM. Acresce que, a acompanhar esta força de trabalho, a GM investiu 2,7 milhões de euros, entre 2002/2003, na melhoria dos processos de produção que permitiram incrementar a eficiência e aumentar a capacidade de produção na fábrica de Azambuja.

Será então por causa dos salários dos trabalhadores que a fábrica de Azambuja alegadamente perdeu competitividade? Também este argumento não pode proceder. Como já se disse, o encerramento da unidade de Azambuja pode implicar a transferência da produção do Combo para Zaragoça. Ora, os salários da unidade portuguesa são, em média, 40% mais baixos do que os da espanhola.

Então como se justifica a desvantagem dos 500 euros na produção de cada veículo na fábrica de Azambuja?

A falta de competitividade desta unidade não é por culpa dos trabalhadores, nem da sua organização interna. A falta de competitividade resulta de factores exteriores à fábrica de Azambuja.

Temos a energia e os combustíveis caros face a outros locais da Europa. O nosso IRC é dos mais elevados da Europa comunitária. O IVA é elevadíssimo. Estes custos também contam, e muito, para que exista a tal desvantagem dos 500 euros.

O Ministro da Economia, que gosta muito de anunciar novos investimentos para Portugal, tem agora de agir quanto à questão da fábrica de Azambuja. Tem de negociar com a GM. Mas, que o acordo não se faça à custa dos trabalhadores e dos seus salários. Que o acordo se faça com base numa nova política económica e energética, que torne a GM de Azambuja e Portugal mais competitivos.

02 junho, 2006

Excertos - I

"Um rugido de dor e raiva erguia-se na cidade, e ressoava incessante, obsessivo, abafando qualquer outro som, entoando a grande mentira. Zi, zi, zi! Está vivo, está vivo, está vivo! Um rugido que nada tinha de humano. De facto, não se erguia de seres humanos, de criaturas de dois braços, duas pernas e raciocínio próprio; erguia-se de um animal monstruoso e irracional, a multidão, o polvo que ao meio-dia, incrustado de punhos cerrados, de rostos distorcidos, de bocas contraídas, tinha invadido a praça da catedral ortodoxa e a seguir estendera os tentáculos pelas ruas adjacentes, obstruindo-as, submergindo-as com a implacabilidade da lava que no seu transbordar devora todos os obstáculos, atordoando-os com o seu zi, zi, zi. Subtrair-se-lhe não passava de ilusão. Alguns tentavam-no, e fechavam-se nas casas, nas lojas, nos empregos, onde quer que lhes parecesse encontrar abrigo, não ouvir pelo menos o rugido mas este, filtrando-se através das portas, das janelas, das paredes, atingia-lhes igualmente os ouvidos, de tal modo que daí a pouco acabavam por render-se ao seu sortilégio. A pretexto de observarem, saíam, esbarravam num tentáculo e caíam dentro dele, transformando-se eles também num punho cerrado, num rosto distorcido, numa boca contraída. Zi, zi, zi! E o polvo crescia, expandia-se aos sacões, a cada sacão outro milhar, outra dezena de milhar, outra centena de milhar. Às duas da tarde eram quinhentos mil, às três um milhão, às quatro um milhão e meio, às cinco já não tinham conto. Não vinham apenas da cidade, de Atenas. Vinham também de longe, dos campos de Ática e do Epiro, das ilhas do Egeu, das aldeias do Peloponeso, da Macedónia, da Tessália: em comboios, em barcos, em autocarros, criaturas com dois braços, duas pernas e raciocínio próprio antes de o polvo as engolir, camponeses e pescadores com as roupas de domingo, operários de fato-macaco, mulheres com os filhos, estudantes. Numa palavra, o povo. Aquele povo que até ao dia anterior te tinha evitado, abandonado como um cão incómodo, ignorando-te quando dizias não vos deixes arrigementar pelos dogmas, pelos uniformes, pelas doutrinas, não vos deixes enganar por aqueles que vos dão ordens, por aqueles que vos prometem, por aqueles que vos amedrontam, por aqueles que querem substituir um patrão por um novo patrão, não vos transformeis num rebanho, com os diabos, não vos abrigueis debaixo do guarda-chuva dos golpes de outros, lutai, pensai pela vossa própria cabeça, lembrai-vos de que cada um de vós é alguém, um indivíduo precioso, responsável, artífice de si próprio, defendei o vosso eu, âmago de toda a liberdade, a liberdade é um dever, antes de ser um direito é um dever. Agora escutavam-te, agora que estavas morto."
Um Homem, de Oriana Fallaci

Um Homem

Terminei a (re)leitura de “Um Homem”, escrito por Oriana Fallaci. É um dos meus livros de cabeceira.

Baseada em factos verídicos, esta obra de Fallaci é inspirada em Alexander (Alekos) Panagoulis, um poeta e revolucionário grego que se opôs à “Ditadura dos Coronéis” (1967-1974).

Panagoulis foi preso diversas vezes, torturado, exilado, perseguido, mas continuou sempre a lutar contra a ditadura militar de George Papadopoulos. Nunca desanimou. Nunca desistiu. Até os vis carcereiros o respeitavam, impressionados com a impossibilidade de dobrar Panagoulis. Após o derrube da ditadura, Alekos foi eleito deputado, mas teve muitas dificuldades em se adaptar à Democracia, pois entendia que tudo tinha mudado para tudo ficar na mesma. Por isso, continuou a enfrentar os interesses instalados, com a mesma determinação de sempre. Em 1976, Panagoulis morreu num acidente automóvel. As circunstâncias da sua morte continuam muito controversas, havendo suspeitas de que a mesma terá sido ordenada por responsáveis da antiga junta militar, tanto mais que Alekos ia tornar público alguns relatórios secretos que envolviam membros do governo grego com a “Ditadura dos Coronéis”.

Página após página, e sem que Oriana Fallaci endeuse Panagoulis (com quem manteve uma relação amorosa), é-nos dado a conhecer um ser humano, com fragilidades e dúvidas, que enfrentou difíceis adversidades sem nunca desistir das suas convicções.

“Um Homem” é um testemunho de coragem, perseverança e determinação.
É um livro para (re)ler sempre.

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01 junho, 2006

Timor mítico


No último “Quadratura do Círculo”, Pacheco Pereira afirmou, perante um atónito Jorge Coelho, que Portugal continua a olhar para Timor como se este país independente fosse uma espécie de um “paraíso mítico”, cujos problemas apenas foram exacerbados pela colonização portuguesa e a posterior ocupação indonésia.

Pacheco Pereira tem razão na sua análise. Os portugueses ainda não perceberam que Timor não é um paraíso e que a actual crise é o resultado de tensões que já existiam antes da independência do país e até muito antes da brutal ocupação da Indonésia.

Tensões regionais, tensões étnicas, tensões religiosas.

Nesse pedaço de ilha falam-se 15 línguas distintas e respectivos dialectos, cada um correspondente a uma etnia diferente. E pertencer a uma determinada etnia pode significar ter melhores condições de vida (em Dili há etnias específicas que controlam o comércio local e que, na prática, governam as ruas respectivas). Também ao nível religioso há sérios problemas. A maioria cristã, com manifesta cumplicidade da hierarquia católica local, mantém relações difíceis com as minorias religiosas existentes, designadamente a muçulmana. É óbvio que também ao nível político, estas diferenças se fazem sentir.

Veja-se apenas como nasceu a actual onda de violência. Cerca de 600 soldados da força de 1.400 militares de Timor entraram em greve. Protestaram contra os baixos salários e o que qualificaram como discriminação étnica na hora de promoções. Diziam ser preteridos por vir da região oeste do país. O primeiro-ministro Mari Alkatiri de imediato demitiu os grevistas. A partir daí, tudo aconteceu. Os soldados revoltaram-se e fugiram para as montanhas. Parte da polícia timorense aliou-se aos revoltosos. O presidente Xanana Gusmão entrou em rota de colisão com Alkatiri e bandos de “jovens” desempregados passaram a aterrorizar a capital, destruindo a cidade e assaltando os comerciantes (ao mesmo tempo que redefiniam o poder de quem governa cada rua...).
Na verdade, Timor ainda não se constituiu como Estado e muito menos como Nação. A aparente unidade entre os vários interesses conflituantes apenas se verificou contra o inimigo comum – a Indonésia. Agora, tudo recomeçou – tal como aconteceu quando Portugal deixou Timor.

Discurso Directo


Este blog é um espaço de liberdade.
Nele vou publicar a minha opinião sobre as mais diversas questões, da Política à Literatura, do PSD à Azambuja, da Economia às minhas viagens por esse país fora.
E vou fazê-lo como sempre: de forma frontal, sem medo e sem complexos.
Até breve!


 
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