DISCURSO DIRECTO

31 julho, 2006

Inchallah

Num tempo em que a guerra regressou ao Líbano e à sua capital Beirute, não posso deixar de sugerir a leitura de Inchallah, publicado por Oriana Fallaci em 1990.

Nesta obra, cujo cenário principal é Beirute, Fallaci conta-nos os receios e as dificuldades da força militar italiana que se encontrava estacionada na capital libanesa em 1983, ano em que as forças americanas e francesas foram alvo de ataques bombistas suicidas pelos “Filhos de Deus”.

Página após página, entramos num universo de destruição, dor e morte, no qual se desenvolvem as histórias de dezenas de personagens, que retratam o puzzle político e religioso que então se vivia e, apesar de tudo, ainda se vive no Líbano.


“As personagens deste romance são imaginárias. Imaginárias as suas histórias, imaginária a intriga. Os acontecimentos em que se apoia são reais. Real a paisagem, real a guerra em cujo quadro a narrativa se desenvolve.
A autora dedica este seu trabalho aos quatrocentos soldados americanos e franceses trucidados no massacre de Beirute pela seita dos Filhos de Deus. Dedica-o aos homens, às mulheres, aos velhos e às crianças mortas nos outros massacres na mesma cidade e em todos os massacres do eterno massacre que dá pelo nome de guerra.
Este romance quer ser um acto de amor por eles e pela Vida.
Oriana Fallaci”

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30 julho, 2006

E ao sétimo dia...

Vala Real (Azambuja), Portugal

28 julho, 2006

O Novo Aeroporto de Ota e as Tentações dos Interesses

A NAER apresentou ontem, numa sessão pública realizada em Azambuja, as oportunidades de desenvolvimento local e regional que podem decorrer da construção do novo aeroporto na Ota.

A longa lista apresentada pela NAER encontra-se bem plasmada na edição de hoje do Jornal de Notícias.

Pela minha parte, mantenho o que escrevi, há precisamente 6 anos, num artigo com o mesmo título do presente post e que aqui transcrevo:

“(...) o investimento necessário será muito superior, pois envolve a construção de um conjunto significativo de infra-estruturas rodoviárias e ferroviárias, de instalações para várias entidades aeroportuárias (como sejam, o Serviço de Estrangeiros e Fronteiras, Alfândega, Polícia, Brigada Fiscal Aduaneira).

Como se vê, durante os próximos dez anos, os concelhos limítrofes ao novo aeroporto, incluindo obviamente o nosso Concelho de Azambuja, serão fortes pólos de atracção para novos investimentos públicos e privados.

A previsão de uma explosão urbanística é realista, pois toda esta área deverá ser beneficiada com mais e melhores vias de comunicação, que permitirão um acesso ainda mais rápido a Lisboa, à Península de Setúbal e ao Oeste.

Contudo, o crescimento urbano – que terá como principal promotor a iniciativa privada – impõe a opção por um desenvolvimento equilibrado e com qualidade de vida. A pressão será muita, mas a construção de mais jardins de infância, de mais escolas, de novos equipamentos de saúde tem de ser garantida pelos poderes públicos.

A iniciativa privada terá grandes oportunidades de negócio na construção civil, assim como na promoção e exploração de unidades hoteleiras, de empresas no ramo dos transportes de aluguer, nos serviços e logística, entre outras áreas de investimento.

Mas, o maior impacto da iniciativa privada será concerteza nos investimentos imobiliários e na construção civil, pois um projecto desta dimensão e com tão longo prazo de execução, “força” a necessidade da construção de novas habitações.

Ora, se não forem tomadas algumas medidas preventivas, esta situação poderá provocar uma forte especulação imobiliária, com claro prejuízo no futuro valor do preço por habitação, que subirá para preços muito mais altos dos actualmente praticados.

É nossa obrigação estar muito atentos a toda esta situação, porque o Concelho de Azambuja corre o risco de se deixar enredar num jogo sem regras, onde aqueles que procuram o lucro fácil poderão ter muito sucesso à custa do nosso próprio património concelhio (...)”

27 julho, 2006

Excertos - X

"De igual modo, o tigre de hoje é idêntico ao de há seis mil anos, porque cada tigre tem de começar de novo a ser tigre, como se antes não tivesse havido nenhum. O homem, pelo contrário, mercê do seu poder de recordar, acumula o seu próprio passado, possui-o e aproveita-o. O homem não é nunca um primeiro homem: começa logo a existir sobre certa altitude de pretérito amontoado. É este o tesouro único do homem, o seu privilégio e a sua marca. E a menor riqueza desse tesouro consiste no que dele parecer acertado e digno de ser conservado: o importante é a memória dos erros que nos permite não cometer sempre os mesmos. O verdadeiro tesouro do homem é o tesouro dos seus erros, a longa experiência vital decantada gota a gota durante milénios."
A Rebelião das Massas, de Ortega y Gasset

26 julho, 2006

Ave Caesar!

As obras de Allan Massie sobre Júlio César e Marco António – que desde já recomendo – são uma interessante análise sobre a conquista e o exercício do poder político naquele período histórico do Império Romano, em particular após o assassinato de Júlio César.

Como se sabe, Júlio César foi assassinado no auge da sua carreira política e militar, através de uma conspiração que reuniu os seus inimigos de sempre e alguns dos seus apoiantes mais próximos, como Gaio Cássio e Marco Bruto.

O objectivo essencial dos conspiradores – depois chamados de “Libertadores” – foi o de restaurar a República Romana, terminar o “governo de um só homem” e substituir Júlio César na condução dos negócios da Res publica.

Como é óbvio, existiram outras razões (bem menos nobres) que conduziram ao assassinato de Júlio César, tanto mais que este preparava todo um conjunto de reformas políticas, sociais e administrativas que iriam afrontar o poder das várias famílias nobres e seus senadores.

E conseguiram os Libertadores alcançar os seus objectivos? Não.

De facto, o mais fácil foi assassinar Júlio César. Quanto ao resto, a conspiração foi um insucesso a toda a linha.

Os conspiradores não se tinham preparado para conquistar e exercer o poder. Acreditaram que a simples morte de César iria restaurar a República e colocá-los no centro do poder político. Ora, a História demonstrou exactamente o contrário. O poder nunca caiu nas mãos dos Libertadores. Primeiro foi Marco António que tomou as rédeas do poder, depois foi o triunvirato constituído por Marco António, Octávio Augusto e Marco Lépido e, por fim, foi a ascensão de Octávio Augusto.

Ou seja, a morte de Júlio César não conduziu a um novo impulso da República Romana, mas conduziu à proscrição e morte dos Libertadores (decidida pelo triunvirato), bem como ao poder absoluto do herdeiro político de Júlio César – Octávio Augusto.

Quem diria?

25 julho, 2006

A Crise no Médio Oriente...

24 julho, 2006

Nuclear? Talvez, obrigado!

No Diário de Notícias de hoje pode ler-se que “a energia nuclear é uma solução economicamente viável para Portugal e vantajosa para os consumidores. Uma central a funcionar no País poderia significar uma redução média de 40 a 50% na factura da electricidade, se a opção do consumidor fosse maioritariamente por esta fonte”.

Este é mais um dado para o debate que o País tem de fazer quanto à instalação ou não de centrais nucleares.

Confesso que ainda não tenho uma opinião formada sobre este assunto.

Mas, registo que a Finlândia vai iniciar um programa de construção de novas centrais nucleares e que o Reino Unido e a França, bem recentemente, acordaram a troca de “know-how” para o desenvolvimento e implementação de redes de centrais nucleares de nova geração.

Agora, será o nuclear o único caminho para diminuir a nossa dependência energética? É óbvio que não. Mas, essa reflexão fica para outro post.

23 julho, 2006

E ao sétimo dia...

Lake Naivasha, Quénia

21 julho, 2006

As Marias

Durante o governo de Pedro Santana Lopes, a então ministra da Educação Maria do Carmo Seabra foi vítima de um violento ataque político a propósito do processo de colocação de professores. O PS assumiu então o papel de principal atirador.

Ontem, por causa dos exames de Química e de Física, foi a vez da ministra da Educação Maria de Lurdes Rodrigues ser alvo de uma forte contestação por parte da oposição. E ao PSD coube disparar os principais tiros.

Ambas as ministras foram cilindradas na Assembleia da República. E tal resultou de um facto simples: ambas as Marias não são políticas e não têm qualquer tarimba parlamentar. As Marias foram escolhidas para assumirem a pasta da Educação em função das suas mais valias técnicas e não por causa da sua carreira partidária ou experiência política.

Pela minha parte, não fico nada preocupado com as más prestações parlamentares das Marias na Assembleia da República.

A função dos governantes não é ganhar debates parlamentares. É resolver os problemas do País.

Por isso, reafirmo o que já escrevi no meu post Dossier Educação – I de 5 de Junho de 2006:

“Não conheço a Dra. Maria de Lurdes Rodrigues. Mas, confesso, que tenho uma opinião positiva sobre o seu desempenho à frente do Ministério da Educação. (...)

Em vez de prometer mais uma “Grande Reforma da Educação”, a Ministra adopta pequenas medidas que podem desbloquear algumas das eternas entropias do sistema educativo. Em vez de pedir mais dinheiro e de atirar este para cima dos problemas, a Ministra assume que o orçamento é suficiente e que tem de ser gerido melhor. Em vez de silenciar cumplicemente os interesses instalados, a Ministra diz o que lhe vai na alma e torna público o que milhares de famílias sentem na pele. Em vez de ter uma postura conservadora, a Ministra é desassombrada e quantas vezes politicamente incorrecta.”

20 julho, 2006

Excertos - IX

"MONTECCHIO - Mas eu posso dar-te mais. Hei-de mandar erguer, em honra da tua filha, uma estátua de puro ouro. E, enquanto Verona for conhecida por este nome, não haverá imagem alguma a quem se preste maior veneração do que à da leal e fiel Julieta.
CAPULETO - De igual esplendor mandarei eu fazer uma a Romeu, que ficará ao lado da sua esposa. Pobres vítimas da nossa inimizade!
PRÍNCIPE - Sinistra paz traz consigo esta manhã; para nos mostrar a sua dor, o Sol velou o seu rosto. Retiremo-nos daqui para falarmos ainda sobre estes tristes acontecimentos. Uns serão perdoados, outros serão punidos, pois jamais história alguma houve mais dolorosa do que a de Julieta e a do seu Romeu."
Romeu e Julieta, de William Shakespeare

19 julho, 2006

Meninos, portem-se bem!

O Discurso Directo é um blog que tem o sistema de moderação de comentários activado.

Isto significa que qualquer comentário a um post publicado pode ser recusado – e essa é uma decisão que me pertence em exclusivo.

Mas, o Discurso Directo é um espaço de liberdade. E por isso, aceitei todos os comentários feitos, independentemente de concordar ou não com o seu conteúdo.

Vem tudo isto a propósito dos comentários de Anónimo, publicado em 15 de Julho, e de Já Chega, publicado hoje, relativamente ao post A página virou.

Não vou tolerar que o Discurso Directo se transforme num blog para fazer qualquer tipo de jogo político-partidário, muito menos quando a linha seguida por aqueles comentários, por vezes ao arrepio da verdade histórica, mais parece uma mera “lavagem de roupa suja”.

Não respondo ao comentário de Anónimo, nem comento o que foi escrito pelo Já Chega.

Quando quiser pronunciar-me sobre as questões levantadas por ambos, fá-lo-ei nos locais próprios, isto é, nos órgãos do PSD/Azambuja. E poderei então falar sobre essas questões, como sobre muitas outras. Agora, sinceramente, não vejo que tal contribua para o sucesso do PSD ou que potencie uma nova estratégia de progresso para o Concelho de Azambuja.

Um Abraço ao Anónimo, ao Já Chega e a todos aqueles que acedem ao Discurso Directo.

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18 julho, 2006

Há 70 anos


Há 70 anos, Francisco Franco dava início ao golpe de estado que o haveria de conduzir ao poder e à guerra civil de Espanha.

Sobre este assunto, recomendo o editorial de hoje do El Pais e, em especial, o excelente artigo de Luciano Amaral publicado no DN de 13 de Julho.

A Crise no Médio Oriente

17 julho, 2006

Elementar, meu caro Watson

Para quem ainda não escolheu as suas leituras de férias, não posso deixar de sugerir o (re)encontro com o universo de Sherlock Holmes.

O ar pesado da Londres vitoriana, a animação constante na Baker Street, o génio de Holmes, a lealdade de Watson, a beleza enigmática de Irene Adler, o surpreendente Mycroft Holmes, o perigoso Professor Moriarty...

Conan Doyle oferece-nos toda uma panóplia de crimes, de profundas investigações e de personagens intrigantes, mas também nos dá uma oportunidade para conhecer melhor o ambiente que se vivia na Inglaterra dos finais do século XIX.

A (re)ler:

Um Estudo em Escarlate
O Sinal dos Quatro
As Aventuras de Sherlock Holmes
O Cão dos Baskervilles
Memórias de Sherlock Holmes
O Regresso de Sherlock Holmes
Os Últimos Casos de Sherlock Holmes
A Última Aventura de Sherlock Holmes

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16 julho, 2006

E ao sétimo dia...

Bora Bora, Polinésia

14 julho, 2006

A página virou

A propósito das eleições para a Distrital do PSD/Lisboa, os militantes da Secção de Azambuja decidiram, legitimamente, virar uma página na vida da estrutura local.

A “linha política” que foi maioritária durante a última década foi derrotada.

Sou um dos derrotados, o principal derrotado. Mas, tenho a certeza do dever cumprido e a alegria de ter merecido, ao longo de 10 anos, o apoio sucessivo dos militantes da Secção de Azambuja, fosse nas reuniões da Comissão Política, nas Assembleias de Secção, nas eleições para os órgãos locais ou distritais ou mesmo nos actos eleitorais para os Congressos Nacionais.

Agora, naturalmente, vão afirmar-se novos protagonistas, novas estratégias políticas, novas metodologias de trabalho.

Democracia é isto.

Quem perdeu tem de assumir a nova realidade sem dramas, nem complexos.
Quem venceu tem a oportunidade de corresponder ao capital de esperança que agora representa.

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12 julho, 2006

Excertos - VIII

"Estamos em 1971, e Mirek diz:
a luta do homem contra o poder é a luta da memória contra o esquecimento.
Quer justificar assim aquilo a que os seus amigos chamam imprudência: escreve cuidadosamente o diário, conserva a correspondência, redige minutas de todas as reuniões em que eles discutem a situação e se perguntam como continuar. Explica-lhes: eles não fazem nada que seja contrário à constituição.
Esconder-se e sentir-se culpado seria o princípio da derrota."
O Livro do Riso e do Esquecimento, de Milan Kundera

11 julho, 2006

Vamos a Votos! - IX

Confesso que apenas era minha intenção publicar um novo post sobre as eleições da Distrital de Lisboa do PSD depois de decorrida a votação e conhecidos os respectivos resultados.

Mas, depois de ter lido o post PSD-Lisboa a votos II: O poder do dinheiro no Minha Rica Casinha, não resisto a publicar o mesmo, pois as questões que são suscitadas podem explicar muito do que se tem passado na estrutura distrital de Lisboa do PSD.

Assim, e com a devida vénia:

“Paula Teixeira da Cruz vai ganhar as eleições para o PSD de Lisboa. Há factores decisivos muito para além da sua competência e da capacidade de despertar a confiança dos militantes do PSD.

Paula Teixeira da Cruz é uma recente militante do PSD (há dez anos). Dos cargos políticos desempenhados contam-se apenas os de assessora de Marques Mendes quando este era ministro da presidência de Cavaco e depois o de vereadora (sem pelouro) na câmara de Lisboa. O único cargo político desempenhado foi o de vice-presidente do PSD sob a liderança de Marques Mendes.

Como aparece Paula Teixeira da Cruz como candidata com vitória quase certa à exigente distrital lisboeta do PSD? Como consegue angariar a quase totalidade dos apoios de militantes do PSD mais conhecidos (os chamados "barões")?

Por dois motivos. Por um lado porque Paula Teixeira da Cruz é a candidata defendida pelo líder do partido e a reverência ao poder instalado tornou-se hoje decisiva no PSD. Mesmo quem não admira ou até quem não gosta de Marques Mendes não quer afronta-lo. Quer estar bem com o poder.

Por outro lado, o facto de Paula Teixeira da Cruz ser casada com Paulo Teixeira Pinto - presidente do Millennium BCP, faz com que poucos estejam dispostos a arriscar um presente ou eventual futura relação com o maior banco privado português...

Quanto a este último argumento, especialmente os chamados "barões", normalmente estão associados a empresas e empresários e estes não querem, por causa de umas meras eleições da distrital do PSD, prejudicar o seu crédito bancário. É este o facto que ajuda a compreender alguns apoios reunidos por Paula Teixeira da Cruz que, apenas à luz de critérios estritamente políticos, seriam pouco prováveis...

Eusébio Furtado”


Citando a expressão de um comentário a este post do Minha Rica Casinha, espero que “a Distrital do PSD não se transforme numa central de negócios”. O PSD e os seus militantes não merecem tal. Merecem mais respeito, muito mais respeito. E é em nome desse respeito pelos militantes social-democratas que os “barões” merecem perder!

10 julho, 2006

Vamos a Votos! - VIII

Termina hoje o prazo para a entrega das candidaturas aos órgãos distritais do PSD/Lisboa.

As duas candidaturas que se apresentam a jogo – Carlos Carreiras e Paula Teixeira da Cruz – têm diferenças significativas, desde logo na própria génese.

Carlos Carreiras anunciou a sua candidatura no último Congresso do PSD, num acto de vontade própria e até de algum voluntarismo. Paula Teixeira da Cruz, ainda vice-presidente da Comissão Política Nacional do PSD, aguardou uma deliberação do órgão de que faz parte para decidir se avançava ou não – a sua candidatura não resulta, assim, de um acto de vontade, mas de uma mera deliberação colegial do órgão directivo máximo do Partido.

Naturalmente que a génese das candidaturas influenciou a forma como cada uma se dispôs no terreno distrital.

Paula Teixeira da Cruz recolhe o apoio dos dirigentes dos aparelhos nacional e distrital, como António Preto, e da dita elite partidária, como Duarte Lima. Por seu turno, Carlos Carreiras tem a colaboração activa dos presidentes de câmara Fernando Seara e António Capucho e conta com o apoio expresso de militantes que sempre trouxeram ao PSD uma grande valia técnica e política, como Carlos Pimenta e Ângelo Correia.

Também no programa que cada um apresenta há diferenças marcantes. Enquanto Paula Teixeira da Cruz assume uma linha política de cariz marcadamente nacional, incidindo em questões como “a reforma do sistema político e partidário”, “as novas questões de cidadania” e “os novos excluídos”, Carlos Carreiras opta por apresentar um programa de trabalho dirigido à dinamização das estruturas do Partido, ao apoio e coordenação dos autarcas eleitos pelo PSD e à definição de uma estratégia de desenvolvimento comum para a Região de Lisboa.

Até na dinâmica da campanha de cada candidatura há diferenças. Paula Teixeira da Cruz tem apostado na comunicação social como meio privilegiado para transmitir a sua mensagem aos militantes (recorde-se as entrevistas que concedeu ao Correio da Manhã, ao DN e agora à Única). Carlos Carreiras tem optado pelo contacto de proximidade com os militantes, designadamente em reuniões e encontros com os militantes e através do envio de newsletter quase diárias.

Como se viu, por estas e outras razões, as candidaturas protagonizadas por Carlos Carreiras e Paula Teixeira da Cruz são, felizmente, distintas.
Agora cabe aos militantes decidir.

09 julho, 2006

E ao sétimo dia...


Old Faithful (Yellowstone Park), E.U.A.

06 julho, 2006

Lançamento falhado

Ao mandar lançar o novo míssil balístico Taepodong-2 (que, em tese, é capaz de carregar uma ogiva atómica até ao Havai ou ao Alasca), o ditador norte-coreano Kim Jong Il contrariou muitos apelos internacionais, mesmo de Estados que são seus aliados, e optou por um jogo perigoso com a comunidade internacional

E fê-lo com o objectivo de lembrar ao mundo que também a Coreia do Norte é uma ameaça atómica.

Obviamente, que a reacção internacional não se fez esperar. Uma reunião de emergência do Conselho de Segurança da ONU foi convocada e poderão ser aprovadas novas sanções contra a Coreia do Norte. Também o Japão e a Coreia do Sul já adoptaram medidas retaliatórias de âmbito comercial contra aquele país.

De facto, as coisas não estão a correr bem a Kim Jong Il, pois a comunidade internacional não deu à Coreia do Norte um pacote de incentivos idêntico ao que foi oferecido ao Irão em troca da suspensão de seu programa nuclear.

E não era preciso. O lançamento do Taepodong-2 falhou: o míssil explodiu 40 segundos após o seu lançamento, o que é um sinal de que Pyongyang ainda está a anos de se tornar uma potência intercontinental. Felizmente.

05 julho, 2006

Excertos - VII

"- Pois eu tenho estudado muito o nosso amigo Gonçalo Mendes. E sabem vocês, sabe o Sr. Padre Soeiro quem ele me lembra?
- Quem?
- Talvez se riam. Mas eu sustento a semelhança. Aquele todo de Gonçalo, a franqueza, a doçura, a bondade, a imensa bondade, que notou o Sr. Padre Soeiro... Os fogachos e entusiasmos, que acabam logo em fumo, e juntamente muita persistência, muito aferro quando se fila à sua ideia... A generosidade, o desleixo, a constante trapalhada nos negócios, e sentimentos de muita honra, uns escrúpulos, quase pueris, não é verdade?... A imaginação que o leva sempre a exagerar até à mentira, e ao mesmo tempo um espírito prático, sempre atento à realidade útil. A viveza, a facilidade em compreender, em apanhar... A esperança constante nalgum milagre, no velho milagre de Ourique, que sanará todas as dificuldades... A vaidade, o gosto de se arrebicar, de luzir, e uma simplicidade tão grande, que dá na rua o braço a um mendigo... Um fundo de melancolia, apesar de tão palrador, tão sociável. A desconfiança terrível de si mesmo, que o acobarda, o encolhe, até que um dia se decide, e aparece um herói, que tudo arrasa... Até aquela antiguidade de raça, aqui pegada à sua velha Torre, há mil anos... Até agora aquele arranque para África... Assim todo completo, com o bem, com o mal, sabem vocês quem ele me lembra?
- Quem?
- Portugal."
A Ilustre Casa de Ramires, de Eça de Queirós

04 julho, 2006

Como demitir um primeiro-ministro

No Diário de Notícias de hoje, José Medeiros Ferreira apresenta uma visão muito realista sobre a crise política que se vive em Timor, assumindo que a mesma mais não é do que um verdadeiro golpe de estado constitucional, cujo principal alvo foi o ex-primeiro-ministro Mário Alkatiri.

Com a devida vénia, aqui publico na íntegra o artigo Como demitir um primeiro-ministro:

“Passei a observar os acontecimentos em Timor-Leste sob um prisma estranhamente técnico: como demitir um primeiro-ministro com apoio maioritário no parlamento e que tenha ganho de novo, e recentemente, o congresso do seu partido. O prisma mal se enxerga no horizonte mas são os raios refractados que me encandeiam em Lisboa.

Gostaria de ter reencontrado na minha avulsa biblioteca um livrinho primoroso de Curzio Malaparte sobre a técnica do golpe de Estado (mas deve estar perdido entre Genebra e Lisboa ou entre andares) para me certificar de que o ex-fascista e ex-comunista italiano desterrado por Mussolini não tratou deste caso próprio dos semipresidencialismos de fachada parlamentar. Na essência a técnica é a mesma: à volta de um elemento legal constrói-se o edifício da tomada de poder pelos meios que forem necessários. Não se pense que a aplicação do disfarce da legalidade só se opera na transição para regimes fortes em países fracos. O nosso constitucionalismo monárquico consolidou-se com vários cercos militares ou populares à rainha D. Maria II, de Passos Manuel ao marechal Saldanha, entre 1836 e 1851. E a rainha ora resistia ora assinava o decreto de nomeação do primeiro-ministro pretendido para governar até ganhar as eleições seguintes. É verdade que a rainha não tomava iniciativas desse género: limitava-se a ficar no Palácio das Necessidades se resolvia assinar o decreto favorável aos revoltosos, ou deslocava-se preventivamente para o Palácio de Belém, onde ficava protegida pelas forças internacionais surtas no Tejo e então resistia à "populaça" de Lisboa.

Em Timor o Presidente Xanana parece não ter tomado a iniciativa, se exceptuarmos ter legitimado a chegada de forças estrangeiras que foram tomando posições em Díli para que toda a cidade se situasse politicamente como se fosse um Palácio de Belém a céu aberto. Nessa altura apenas se analisava a coisa entre nós em Lorosaes, que já conhecíamos das festas da independência, e uns crismados de Loromores que apareceram como uns desprotegidos exaltados a clamar por justiça. Foi a fase das manifestações violentas nas ruas de Díli que criaram o tal estado de necessidade de tropas internacionais.

Já com as forças expedicionárias no terreno, a pedido simultâneo de três órgãos de soberania, começou a desenhar-se uma clivagem entre o Presidente da República e o Governo. O PR começou por perder a confiança num ou noutro ministro e dividiu o Governo entre esses maus ministros e os que beneficiavam ainda do seu misterioso silêncio: deste modo foram substituídos os titulares das pastas da Defesa e do Interior. Imagino que os estrategos da Fretilin aconselharam calma e sangue-frio ao cerebral primeiro-ministro Alkatiri perante a óbvia intromissão do PR no seu Governo. E assim começou o seu enfraquecimento público.

Quem estava a ser cercado era pois o Governo. Os revoltosos eram tratados como os antigos beligerantes, com direito de cidade e acolhimento de súplicas. Já não bastava ao primeiro-ministro tomar boa nota das exigências políticas de Xanana Gusmão. Como ainda não chegou a Timor a execução de grandes negócios em clima de liquidez monetária, o escândalo não foi o da corrupção do Governo mas chegou pela via da distribuição de armas a civis, ou a milícias, pois a tendência era para o agravamento das acusações. Em sociedades mais organizadas em termos de forças de segurança este tópico da distribuição de armas não será de reter, embora o caso não seja inédito entre nós.

Nessa técnica do afastamento do primeiro-ministro surgiu então um elemento de modernidade política descoberto na Itália mas já muito depois de Curzio Malaparte ter morrido: a Procuradoria-Geral da República entrou em acção para instruir um inquérito às actividades de Alkatiri. Esta nota de modernidade na técnica do golpe de Estado pode ser hoje em dia exportada para qualquer parte do mundo. Nesta "península da Ásia" que é a Europa o mais provável é a acusação de corrupção seguida da falta de provas...

Pelas recentes declarações de Alkatiri, este processo começa a dar resultados, e, em países ocupados, permite contar com o bom senso e quase com a colaboração do primeiro-ministro que se quer afastar. O PR inicia o processo de afastamento, a PGR dirá até onde. Presume-se alguma expectativa sobre o grau de colaboração do acusado para ditar a sentença.

Formar um governo para ganhar eleições está longe de ser uma novidade timorense. À atenção dos observadores internacionais...”

03 julho, 2006

A Questão Social

O desenho animado que ganhou o prémio de melhor desenho animado latino-americano.

02 julho, 2006

E ao sétimo dia...


Santorini, Grécia

01 julho, 2006

40 anos depois


Ao derrotar a selecção inglesa, Portugal conquistou um merecido lugar nas meias-finais e "vingou-se" do que aconteceu há 40 anos.

Siga p'ra bingo!

Discurso Directo - o 1.º mês

Este blog assinala hoje o seu 1.º mês de vida.

Com 40 postagens, cerca de 1050 acessos e muitos comentários, não posso deixar de estar contente.

Contente porque tenho cumprido com o objectivo que me impus – pelo menos, um post por dia.

Contente porque apesar de tudo ainda há quem tenha paciência para ler o que escrevo.

Contente porque há quem tenha concordado e discordado com aquilo que escrevo – o Discurso Directo afirmou-se como um espaço de liberdade, o que é e continuará a ser o seu propósito principal.

Obrigado.


 
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