29 fevereiro, 2008
Com a inestimável colaboração do amigo e companheiro Humberto Neves, a partir de hoje o Discurso Directo conta com uma nova funcionalidade: snapshots.
Como poderão verificar, tal ferramenta permite visualizar os conteúdos de outros blogues ou sites sem necessitar de "entrar" nos mesmos.
Espero que gostem.
27 fevereiro, 2008
Hillary ainda terá hipóteses?
Depois das vitórias claras do senador Barack Obama [na foto] nas “primárias” democratas do Wisconsin e no caucus do Hawai, respectivamente, com 59% e 76% dos votos, as atenções concentram-se agora nas “eleições primárias” que se vão realizar na próxima 3.ª feira, dia 4, nos Estados do Texas, Ohio, Rhode Island e Vermont.
Em jogo vão estar 370 delegados à Convenção Democrata de Denver: 193 pelo Texas, 141 pelo Ohio, 21 por Rhode Island e 15 pelo Vermont.
Tendo em conta o peso eleitoral do Texas e do Ohio, uma vitória absoluta da senadora Hillary Clinton [na foto] nas “primárias” destes Estados poderia comprometer a vantagem que Obama detém na corrida à nomeação democrata (segundo o Washington Post, neste momento, Obama conta com 1372 delegados e Hillary com 1274).
Contudo, perante a dinâmica da campanha do senador do Illinois e as dificuldades que Hillary tem sentido no terreno (que a obrigaram, nomeadamente, a nomear uma nova directora de campanha), parece-me pouco provável que a corrida democrata sofra um volte-face na próxima 3.ª feira.
Aliás, as sondagens publicadas indicam que Hillary Clinton apenas tem uma posição eleitoral confortável no Estado de Rhode Island.
No Texas, a sondagem da InsiderAdvantage aponta para um empate técnico: Obama 47%, Hillary 46%.
No Ohio, o Rasmussen Reports regista uma ligeira vantagem da ex-primeira-dama: Hillary 48%, Obama 43%.
Em Rhode Island, a sondagem do Rasmussen Reports confirma a liderança de Hillary com 53% (neste estudo Obama fica-se pelos 38% de intenções de voto).
No Vermont, a sondagem publicada pelo Rasmussen Reports dá a Obama 57% e a Hillary apenas 33%.
Entretanto, ambos os candidatos desdobram-se em acções de campanha e em debates televisivos.
Aqui ficam as alegações finais de Barack Obama e Hillary Clinton no debate que ontem se realizou no Ohio:
Em jogo vão estar 370 delegados à Convenção Democrata de Denver: 193 pelo Texas, 141 pelo Ohio, 21 por Rhode Island e 15 pelo Vermont.
Tendo em conta o peso eleitoral do Texas e do Ohio, uma vitória absoluta da senadora Hillary Clinton [na foto] nas “primárias” destes Estados poderia comprometer a vantagem que Obama detém na corrida à nomeação democrata (segundo o Washington Post, neste momento, Obama conta com 1372 delegados e Hillary com 1274).
Contudo, perante a dinâmica da campanha do senador do Illinois e as dificuldades que Hillary tem sentido no terreno (que a obrigaram, nomeadamente, a nomear uma nova directora de campanha), parece-me pouco provável que a corrida democrata sofra um volte-face na próxima 3.ª feira.
Aliás, as sondagens publicadas indicam que Hillary Clinton apenas tem uma posição eleitoral confortável no Estado de Rhode Island.
No Texas, a sondagem da InsiderAdvantage aponta para um empate técnico: Obama 47%, Hillary 46%.
No Ohio, o Rasmussen Reports regista uma ligeira vantagem da ex-primeira-dama: Hillary 48%, Obama 43%.
Em Rhode Island, a sondagem do Rasmussen Reports confirma a liderança de Hillary com 53% (neste estudo Obama fica-se pelos 38% de intenções de voto).
No Vermont, a sondagem publicada pelo Rasmussen Reports dá a Obama 57% e a Hillary apenas 33%.
Entretanto, ambos os candidatos desdobram-se em acções de campanha e em debates televisivos.
Aqui ficam as alegações finais de Barack Obama e Hillary Clinton no debate que ontem se realizou no Ohio:
Etiquetas: presidenciais EUA
26 fevereiro, 2008
Divertido!
O juiz perguntou à prostituta:
- “Então quando se apercebeu que tinha sido violada?”
A prostituta respondeu, limpando as lágrimas:
- “Quando o cheque foi devolvido!”
- “Então quando se apercebeu que tinha sido violada?”
A prostituta respondeu, limpando as lágrimas:
- “Quando o cheque foi devolvido!”
23 fevereiro, 2008
Kosovo
A recente declaração unilateral de independência pelo Kosovo fez regressar a tensão à região dos Balcãs, com consequências ainda difíceis de prever.
Eis um bom momento para (re)ler Da Jugoslávia à Jugoslávia – Os Balcãs e a Nova Ordem Europeia, publicado por Carlos Santos Pereira em 1995.
Eis um bom momento para (re)ler Da Jugoslávia à Jugoslávia – Os Balcãs e a Nova Ordem Europeia, publicado por Carlos Santos Pereira em 1995.
«Coração da Sérvia medieval, o Kosovo representa para os sérvios o berço da sua identidade e da sua civilização. Pizren (sul, já a caminho da fronteira albanesa) esteve no centro do Estado sérvio medieval, e Pec (a oeste de Pristina) foi sede do primeiro episcopado ortodoxo. (…)
A atmosfera de tensão que se respira logo ao primeiro contacto com Pristina é herdeira da disputa secular destas terras entre sérvios e albaneses. O ódio com que se confrontam hoje os 300 mil sérvios que restam na região e os dois milhões de albaneses perpetua a batalha sem quartel entre duas comunidades opostas pelo sangue, pelas marcas de séculos de luta, pela cultura e pela fé: os sérvios são ortodoxos, os albaneses são, na sua maioria, muçulmanos. (…)
De um lado, dois milhões de albaneses muçulmanos, que recusam qualquer contacto com o Estado sérvio. Do outro, um reduto de 300 mil sérvios ortodoxos, entrincheirados na atitude ameaçadora do animal acossado. Um vulcão pronto a rebentar.»
Da Jugoslávia à Jugoslávia – Os Balcãs e a Nova Ordem Europeia, de Carlos Santos Pereira
20 fevereiro, 2008
El Comandante
Julgo que é oportuno renovar uma antiga sugestão de leitura: Fidel Castro, publicado por Sebastian Balfour.
Mais do que uma biografia sobre Fidel Castro, esta obra é um estudo sobre as condições históricas específicas que permitiram a Castro apoderar-se do poder em 1959 e conservá-lo até ontem.
Balfour não se detém na revolução cubana. Antes pelo contrário. Explora as mais de quatro décadas de governo de Fidel Castro, explicando como é que Cuba chegou a desempenhar um papel internacional muito desproporcionado relativamente ao tamanho e ao peso económico do país.
Interessante. Actual. Vale a pena ler.
Mais do que uma biografia sobre Fidel Castro, esta obra é um estudo sobre as condições históricas específicas que permitiram a Castro apoderar-se do poder em 1959 e conservá-lo até ontem.
Balfour não se detém na revolução cubana. Antes pelo contrário. Explora as mais de quatro décadas de governo de Fidel Castro, explicando como é que Cuba chegou a desempenhar um papel internacional muito desproporcionado relativamente ao tamanho e ao peso económico do país.
Interessante. Actual. Vale a pena ler.
«A história de Fidel Castro dificilmente encontra paralelo na História contemporânea. Tal como ele, muitos dos mais destacados dirigentes do Terceiro Mundo neste século saíram das lutas anticoloniais do período do post-guerra, mas nenhum desempenhou um papel tão importante e constante na cena internacional como Fidel Castro, e nenhum sobreviveu como chefe de Estado durante tanto tempo como ele. É difícil pensar em muitas outras figuras políticas da segunda metade deste século que tenham sido tão controversas e em cujas carreiras se contem tantos acontecimentos de significado global: as relações soviético-americanas, o nacionalismo do Terceiro Mundo, a revolução e a justiça social no sul, a guerra em Angola e na Etiópia, a dívida do Terceiro Mundo, a guerra e a paz na América Central. A subida de Fidel Castro ao poder é, em si própria, uma história extraordinária de coragem e determinação.»
Fidel Castro, de Sebastian Balfour
15 fevereiro, 2008
Romney apoia McCain
O antigo governador do Estado de Massachusetts, Mitt Romney [na foto], que desistiu da corrida à nomeação republicana há cerca de uma semana, anunciou ontem que vai apoiar a candidatura do senador John McCain.
Por seu turno, o pastor baptista e antigo governador do Arkansas, Mike Huckabee, persiste na sua corrida à investidura, contando actualmente com 242 delegados para a Convenção Republicana de Minneapolis.
Por seu turno, o pastor baptista e antigo governador do Arkansas, Mike Huckabee, persiste na sua corrida à investidura, contando actualmente com 242 delegados para a Convenção Republicana de Minneapolis.
Etiquetas: presidenciais EUA
13 fevereiro, 2008
Furacão Obama
Nos últimos cinco dias, o senador Barack Obama arrecadou sucessivas vitórias na sua corrida para a nomeação democrata às eleições presidenciais norte-americanas, derrotando em toda a linha a ex-primeira-dama Hillary Clinton.
No sábado, venceu as “eleições primárias” no Estado da Lousiana com 57% dos votos e nos caucus dos Estados de Washington e do Nebraska (em ambos os casos com o apoio de 68% dos eleitores).
No domingo, conquistou o caucus do Maine, obtendo 59% dos votos.
Esta 3.ª feira, ganhou as “primárias” nos Estados da Virginia (65%) e Maryland (60%), bem como no Distrito Federal de Columbia (75%).
Perante esta verdadeira torrente de vitórias eleitorais, Obama conseguiu finalmente ultrapassar a senadora Hillary quer no número de delegados eleitos, quer nos chamados “super-delegados” (segundo o Washington Post, Obama conta com 1275 delegados e Hillary com 1220).
Resta saber se o senador do Illinois consegue ou não manter esta “pedalada” e confirmar a vantagem que agora tem, vencendo já na próxima 3.ª feira as “eleições primárias” no Wisconsin, bem como o caucus do Hawai (nestes dois actos eleitorais estão em jogo 94 delegados para a Convenção Democrata de Denver).
A propósito das “primárias” no Wisconsin, registo que a última sondagem publicada pela Strategic Vision dá uma vantagem de 4% a Obama, quando anteriormente a senadora Hillary Clinton liderava as intenções de voto com uma margem superior a 7%...
No sábado, venceu as “eleições primárias” no Estado da Lousiana com 57% dos votos e nos caucus dos Estados de Washington e do Nebraska (em ambos os casos com o apoio de 68% dos eleitores).
No domingo, conquistou o caucus do Maine, obtendo 59% dos votos.
Esta 3.ª feira, ganhou as “primárias” nos Estados da Virginia (65%) e Maryland (60%), bem como no Distrito Federal de Columbia (75%).
Perante esta verdadeira torrente de vitórias eleitorais, Obama conseguiu finalmente ultrapassar a senadora Hillary quer no número de delegados eleitos, quer nos chamados “super-delegados” (segundo o Washington Post, Obama conta com 1275 delegados e Hillary com 1220).
Resta saber se o senador do Illinois consegue ou não manter esta “pedalada” e confirmar a vantagem que agora tem, vencendo já na próxima 3.ª feira as “eleições primárias” no Wisconsin, bem como o caucus do Hawai (nestes dois actos eleitorais estão em jogo 94 delegados para a Convenção Democrata de Denver).
A propósito das “primárias” no Wisconsin, registo que a última sondagem publicada pela Strategic Vision dá uma vantagem de 4% a Obama, quando anteriormente a senadora Hillary Clinton liderava as intenções de voto com uma margem superior a 7%...
Etiquetas: presidenciais EUA
12 fevereiro, 2008
Azambuja - Que modelo de desenvolvimento?
A Juventude Socialista de Azambuja vai organizar no próximo sábado um debate subordinado ao tema Azambuja – Que modelo de desenvolvimento no pós-Ota?.
Esta é uma iniciativa interessante dos jovens socialistas.
Desde logo, porque já houve o tempo para criticar o Governo pela sua decisão de construir o novo aeroporto em Alcochete, bem como o tempo para censurar o presidente da Câmara de Azambuja pela sua falta de visão estratégica e liderança política na condução deste processo. Agora é o tempo de pensar e definir um novo futuro para o Concelho de Azambuja.
Depois, porque é sempre positivo que as organizações políticas de juventude se afirmem por aquilo que verdadeiramente devem ser: um espaço de debate e intervenção política, com capacidade crítica face aos “séniores” e potencial de regeneração ao nível das ideias e dos protagonistas.
Por fim, porque os “júniores” socialistas tiveram “faro” e anteciparam-se a quem mais interessava realizar um debate deste género – a CDU e o PSD. E quem se antecipa coloca-se em posição de êxito…
Contudo, “não há bela sem senão”.
O que poderia ser uma excelente iniciativa política e com efectiva relevância para a reflexão sobre o futuro do Concelho de Azambuja vai transformar-se, fatalmente, numa mera acção partidária de auto-comiseração e auto-justificação dos socialistas locais, mercê do fraquíssimo painel de oradores convidados.
Ao invés de apostar em personalidades com provas dadas, nomeadamente, nas áreas do desenvolvimento regional e do planeamento estratégico, a JS/Azambuja socorreu-se dos presidentes das câmaras de Alenquer e Azambuja (que no Processo “Ota” demonstraram uma manifesta falta de capacidade de liderança política) e do deputado Miguel Coelho, coordenador socialista para as Obras Públicas – como se o novo modelo de desenvolvimento estivesse dependente de um pacote de ferro e betão!
É pena.
Com outro painel de oradores, a iniciativa da JS/Azambuja atingiria outra dimensão e até poderia contar na assistência com laranjas tão ferrenhos como eu.
Esta é uma iniciativa interessante dos jovens socialistas.
Desde logo, porque já houve o tempo para criticar o Governo pela sua decisão de construir o novo aeroporto em Alcochete, bem como o tempo para censurar o presidente da Câmara de Azambuja pela sua falta de visão estratégica e liderança política na condução deste processo. Agora é o tempo de pensar e definir um novo futuro para o Concelho de Azambuja.
Depois, porque é sempre positivo que as organizações políticas de juventude se afirmem por aquilo que verdadeiramente devem ser: um espaço de debate e intervenção política, com capacidade crítica face aos “séniores” e potencial de regeneração ao nível das ideias e dos protagonistas.
Por fim, porque os “júniores” socialistas tiveram “faro” e anteciparam-se a quem mais interessava realizar um debate deste género – a CDU e o PSD. E quem se antecipa coloca-se em posição de êxito…
Contudo, “não há bela sem senão”.
O que poderia ser uma excelente iniciativa política e com efectiva relevância para a reflexão sobre o futuro do Concelho de Azambuja vai transformar-se, fatalmente, numa mera acção partidária de auto-comiseração e auto-justificação dos socialistas locais, mercê do fraquíssimo painel de oradores convidados.
Ao invés de apostar em personalidades com provas dadas, nomeadamente, nas áreas do desenvolvimento regional e do planeamento estratégico, a JS/Azambuja socorreu-se dos presidentes das câmaras de Alenquer e Azambuja (que no Processo “Ota” demonstraram uma manifesta falta de capacidade de liderança política) e do deputado Miguel Coelho, coordenador socialista para as Obras Públicas – como se o novo modelo de desenvolvimento estivesse dependente de um pacote de ferro e betão!
É pena.
Com outro painel de oradores, a iniciativa da JS/Azambuja atingiria outra dimensão e até poderia contar na assistência com laranjas tão ferrenhos como eu.
08 fevereiro, 2008
07 fevereiro, 2008
Ainda sobre a Super-Tuesday...
Ainda a propósito da Super-Tuesday, aqui transcrevo o artigo hoje publicado por Teresa de Sousa no jornal Público:
«1. Há pouco mais de um mês, o senador do Arizona John McCain, com os seus 71 anos de idade, era dado como politicamente morto. Em contrapartida, Rudolf Giuliani, o antigo mayor de Nova Iorque, o herói do 11 de Setembro, era considerado como o virtual vencedor das primárias do campo republicano. Em comum tinham o facto de representarem o sector moderado do Partido Republicano. Em pano de fundo, a corrida à nomeação parecia revelar todos os sinais de um partido em convulsão, sem saber exactamente o que fazer, depois do duplo mandato de George W. Bush com o seu legado de caos no Iraque, de recessão económica, de perda de influência mundial.
Hoje, contados os votos e os delegados da Superterça-Feira, o velho McCain, herói do Vietname, parece que já não tem nada à sua frente para vencer a convenção republicana. O favorito abandonou a corrida. Os outros dois candidatos a candidatos, Mitt Romney e Mike Huckabee, ainda podem dar alguma luta. Mas não mais do que isso.
Explicação para a reviravolta? O carácter ou a política? Ambas as coisas. McCain encarna o herói americano, mas demarca-se de Bush e da aliança conservadora que o apoiou. É o republicano atípico. Que inspirou o "surge" (que está a resultar), que não aceita a derrota no Iraque, mas que tem uma visão realista da política externa americana, que promete fechar Guantánamo, que denuncia a tortura e que aponta aos imigrantes ilegais um caminho para a cidadania.
2. McCain tem uma aparente vantagem a partir de agora. Está em condições de pacificar as hostes republicanas e começar a olhar para os seus potenciais adversários democratas. É verdade que é odiado em muitos sectores conservadores, mas mesmo esses percebem que se trata agora de controlar os danos, o maior dos quais seria uma vitória democrata em Novembro.
William Kristol, o teórico dos "neocons", escrevia há dois dias no International Herald Tribune que, se ele é a única possibilidade de impedir uma vitória democrata, então que seja ele. A razão maior é naturalmente o Iraque. Mas a mais importante talvez seja a consciência de que uma vitória de Hillary ou de Obama pode significar o fim de uma era, aberta com Reagan, em que a influência ideológica dos conservadores dominou a política norte-americana quase sem interrupção. Temem Obama, porque acham que seria o caminho mais rápido para a "derrota" no Iraque. Odeiam Hillary, porque sobreviveu ao "assassínio de carácter" que orquestraram contra o marido e porque representa (talvez ainda mais) o mesmo que ele representou - apesar de ser um "filho" de Reagan, era o símbolo dos anos 60 e da geração que eles acham que derrotou a América no Vietname.
3. Do lado democrata também foi preciso esperar que o guião inicialmente previsto fosse subvertido para se ter a real dimensão da mudança que abala a América. Há um mês, Barack Obama já era olhado com uma enorme atenção. A novidade do seu discurso, a sua juventude, a forma como parecia encarnar o lado mais luminoso da própria ideia de América, a sua capacidade de comunicar a esperança e de fazer acreditar nela já apontavam para um "fenómeno". Mas um "fenómeno" ainda à espera do seu momento. No futuro. A senadora de Nova Iorque parecia a candidata imbatível. Capaz, inteligente, experiente, meticulosa, forte. Quase perfeita.
Hoje, nem a sua vitória na Califórnia e em Nova Iorque lhe conseguem garantir a nomeação. Obama soma e segue. Hillary vai resistindo à vaga, mas sem a conseguir travar.
É este o dilema que os democratas ainda não resolveram: saltar já para o futuro, ou preferir uma transição serena nas mãos experientes de Clinton. A resposta pode estar em quem vota em quem. Obama recebeu a bênção dos Kennedy. A imprensa incensa-o. A juventude segue-o. Mas, como escrevia o enviado da Spiegel, tem um "inimigo" que ainda não conseguiu "vencer": a classe média. "Obama ganhou sobretudo nos votantes com rendimentos superiores a 150 mil dólares. Clinton ganhou entre a gente com menos de 50 mil. Os académicos votaram nele. Os trabalhadores nela. Ele inspira os jovens, ela os mais velhos." Ela mobiliza o voto das mulheres e dos hispânicos. Ele representa um voto pós-racial. Fácil de perceber por que é que vai ser renhido até ao fim.
O risco é tornar-se um combate destrutivo. A oportunidade é continuar a manter a atenção sobre os democratas e a ruptura simbólica que a todos os títulos eles representam. Um negro ou uma mulher na Casa Branca para regenerar a América. De qualquer modo, a lógica das coisas está do lado dos democratas. Provavelmente ainda mais, se a economia substituir o Iraque no topo das preocupações dos americanos.»
«1. Há pouco mais de um mês, o senador do Arizona John McCain, com os seus 71 anos de idade, era dado como politicamente morto. Em contrapartida, Rudolf Giuliani, o antigo mayor de Nova Iorque, o herói do 11 de Setembro, era considerado como o virtual vencedor das primárias do campo republicano. Em comum tinham o facto de representarem o sector moderado do Partido Republicano. Em pano de fundo, a corrida à nomeação parecia revelar todos os sinais de um partido em convulsão, sem saber exactamente o que fazer, depois do duplo mandato de George W. Bush com o seu legado de caos no Iraque, de recessão económica, de perda de influência mundial.
Hoje, contados os votos e os delegados da Superterça-Feira, o velho McCain, herói do Vietname, parece que já não tem nada à sua frente para vencer a convenção republicana. O favorito abandonou a corrida. Os outros dois candidatos a candidatos, Mitt Romney e Mike Huckabee, ainda podem dar alguma luta. Mas não mais do que isso.
Explicação para a reviravolta? O carácter ou a política? Ambas as coisas. McCain encarna o herói americano, mas demarca-se de Bush e da aliança conservadora que o apoiou. É o republicano atípico. Que inspirou o "surge" (que está a resultar), que não aceita a derrota no Iraque, mas que tem uma visão realista da política externa americana, que promete fechar Guantánamo, que denuncia a tortura e que aponta aos imigrantes ilegais um caminho para a cidadania.
2. McCain tem uma aparente vantagem a partir de agora. Está em condições de pacificar as hostes republicanas e começar a olhar para os seus potenciais adversários democratas. É verdade que é odiado em muitos sectores conservadores, mas mesmo esses percebem que se trata agora de controlar os danos, o maior dos quais seria uma vitória democrata em Novembro.
William Kristol, o teórico dos "neocons", escrevia há dois dias no International Herald Tribune que, se ele é a única possibilidade de impedir uma vitória democrata, então que seja ele. A razão maior é naturalmente o Iraque. Mas a mais importante talvez seja a consciência de que uma vitória de Hillary ou de Obama pode significar o fim de uma era, aberta com Reagan, em que a influência ideológica dos conservadores dominou a política norte-americana quase sem interrupção. Temem Obama, porque acham que seria o caminho mais rápido para a "derrota" no Iraque. Odeiam Hillary, porque sobreviveu ao "assassínio de carácter" que orquestraram contra o marido e porque representa (talvez ainda mais) o mesmo que ele representou - apesar de ser um "filho" de Reagan, era o símbolo dos anos 60 e da geração que eles acham que derrotou a América no Vietname.
3. Do lado democrata também foi preciso esperar que o guião inicialmente previsto fosse subvertido para se ter a real dimensão da mudança que abala a América. Há um mês, Barack Obama já era olhado com uma enorme atenção. A novidade do seu discurso, a sua juventude, a forma como parecia encarnar o lado mais luminoso da própria ideia de América, a sua capacidade de comunicar a esperança e de fazer acreditar nela já apontavam para um "fenómeno". Mas um "fenómeno" ainda à espera do seu momento. No futuro. A senadora de Nova Iorque parecia a candidata imbatível. Capaz, inteligente, experiente, meticulosa, forte. Quase perfeita.
Hoje, nem a sua vitória na Califórnia e em Nova Iorque lhe conseguem garantir a nomeação. Obama soma e segue. Hillary vai resistindo à vaga, mas sem a conseguir travar.
É este o dilema que os democratas ainda não resolveram: saltar já para o futuro, ou preferir uma transição serena nas mãos experientes de Clinton. A resposta pode estar em quem vota em quem. Obama recebeu a bênção dos Kennedy. A imprensa incensa-o. A juventude segue-o. Mas, como escrevia o enviado da Spiegel, tem um "inimigo" que ainda não conseguiu "vencer": a classe média. "Obama ganhou sobretudo nos votantes com rendimentos superiores a 150 mil dólares. Clinton ganhou entre a gente com menos de 50 mil. Os académicos votaram nele. Os trabalhadores nela. Ele inspira os jovens, ela os mais velhos." Ela mobiliza o voto das mulheres e dos hispânicos. Ele representa um voto pós-racial. Fácil de perceber por que é que vai ser renhido até ao fim.
O risco é tornar-se um combate destrutivo. A oportunidade é continuar a manter a atenção sobre os democratas e a ruptura simbólica que a todos os títulos eles representam. Um negro ou uma mulher na Casa Branca para regenerar a América. De qualquer modo, a lógica das coisas está do lado dos democratas. Provavelmente ainda mais, se a economia substituir o Iraque no topo das preocupações dos americanos.»
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06 fevereiro, 2008
A Super-Tuesday Republicana
Ao invés do que sucedeu no campo democrata, a Super-Tuesday resolveu a questão da nomeação no Partido Republicano.
John McCain [na foto] venceu em 9 Estados (Califórnia, New York, Illinois, Missouri, Arizona, New Jersey, Oklahoma, Connecticut e Delaware) e já conta com 604 delegados eleitos, o que lhe confere uma supremacia clara na corrida à nomeação republicana, que se conquista com o voto de 1191 delegados.
Mitt Romney, que ontem ganhou em 7 Estados, apenas conta com 244 delegados eleitos para a Convenção de Minneapolis. Também Mike Huckabee está a uma grande distância do senador do Arizona (187 delegados eleitos), apesar de ter vencido nos Estados da Georgia, Tennessee, Alabama, Arkansas e West Virgínia.
John McCain [na foto] venceu em 9 Estados (Califórnia, New York, Illinois, Missouri, Arizona, New Jersey, Oklahoma, Connecticut e Delaware) e já conta com 604 delegados eleitos, o que lhe confere uma supremacia clara na corrida à nomeação republicana, que se conquista com o voto de 1191 delegados.
Mitt Romney, que ontem ganhou em 7 Estados, apenas conta com 244 delegados eleitos para a Convenção de Minneapolis. Também Mike Huckabee está a uma grande distância do senador do Arizona (187 delegados eleitos), apesar de ter vencido nos Estados da Georgia, Tennessee, Alabama, Arkansas e West Virgínia.
Etiquetas: presidenciais EUA
A Super-Tuesday Democrata
Ontem, Hillary Clinton venceu em 9 Estados: Arkansas, Oklahoma, Tennessee, Massachusetts, New Jersey, Arizona, Califórnia, New York e New Mexico.
Por seu turno, Barack Obama ganhou “eleições primárias” na Geórgia, Illinois, Delaware, Alabama, Utah, Missouri e Connecticut, bem como nos caucus do Kansas, Minnesota, Idaho, Colorado, North Dakota e Alaska, conquistando assim 13 Estados.
Tendo em conta a respectiva distribuição de delegados eleitos, a Super-Tuesday não decidiu quem vai ser o candidato democrata às eleições presidenciais de Novembro.
Hillary ou Obama têm de conseguir eleger cerca de 2030 delegados para conquistar a nomeação democrata. Contudo, depois da Super-Tuesday de ontem, as respectivas candidaturas continuam “taco-a-taco”: desde o arranque das “primárias”, Hillary já elegeu 900 delegados e Obama conta com o apoio de 824 delegados.
A corrida à nomeação democrata vai continuar e com interesse acrescido, pois tudo ainda está em aberto.
As próximas “primárias” democratas realizam-se este sábado nos Estados de Washington, Lousiana e Nebraska.
Por seu turno, Barack Obama ganhou “eleições primárias” na Geórgia, Illinois, Delaware, Alabama, Utah, Missouri e Connecticut, bem como nos caucus do Kansas, Minnesota, Idaho, Colorado, North Dakota e Alaska, conquistando assim 13 Estados.
Tendo em conta a respectiva distribuição de delegados eleitos, a Super-Tuesday não decidiu quem vai ser o candidato democrata às eleições presidenciais de Novembro.
Hillary ou Obama têm de conseguir eleger cerca de 2030 delegados para conquistar a nomeação democrata. Contudo, depois da Super-Tuesday de ontem, as respectivas candidaturas continuam “taco-a-taco”: desde o arranque das “primárias”, Hillary já elegeu 900 delegados e Obama conta com o apoio de 824 delegados.
A corrida à nomeação democrata vai continuar e com interesse acrescido, pois tudo ainda está em aberto.
As próximas “primárias” democratas realizam-se este sábado nos Estados de Washington, Lousiana e Nebraska.
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01 fevereiro, 2008
Há cem anos
D. CARLOS I
28/09/1863 – 01/02/1908
“D. Carlos I (1863-1908) foi o primeiro rei de Portugal a ser vítima de um atentado desde a suposta conspiração contra D. José, em 1758, e o primeiro a morrer de morte violenta depois de D. Sebastião, em 1578. Foi também um dos mais inteligentes e capazes reis do seu tempo, quando a Europa era ainda, com excepção da França e da Suiça, um conjunto de monarquias. D. Carlos tinha 26 anos quando foi aclamado rei, a 19 de Outubro de 1889, e apenas 44 quando morreu, a 1 de Fevereiro de 1908. Manteve-se com ele a fatalidade dos reis constitucionais portugueses de ascenderem ao trono muito jovens e morrerem relativamente cedo.”
D. Carlos, de Rui Ramos
28/09/1863 – 01/02/1908
“D. Carlos I (1863-1908) foi o primeiro rei de Portugal a ser vítima de um atentado desde a suposta conspiração contra D. José, em 1758, e o primeiro a morrer de morte violenta depois de D. Sebastião, em 1578. Foi também um dos mais inteligentes e capazes reis do seu tempo, quando a Europa era ainda, com excepção da França e da Suiça, um conjunto de monarquias. D. Carlos tinha 26 anos quando foi aclamado rei, a 19 de Outubro de 1889, e apenas 44 quando morreu, a 1 de Fevereiro de 1908. Manteve-se com ele a fatalidade dos reis constitucionais portugueses de ascenderem ao trono muito jovens e morrerem relativamente cedo.”
D. Carlos, de Rui Ramos