Há entrevistas que devem ser lidas, analisadas, arquivadas e depois recordadas.
É o caso da
entrevista que o presidente da Assembleia de Militantes do PSD/Azambuja, António José Matos, deu ao Fundamental do mês passado.
Não porque o entrevistado tenha denunciado com inteligência os sucessivos erros da gestão de Joaquim Ramos ou porque tenha apresentado soluções para enfrentar os constrangimentos que se colocam ao progresso do Concelho de Azambuja.
Como se sabe, a entrevista apenas incidiu sobre a actual crise interna do PSD/Azambuja.
Mas, a entrevista merece ser recordada porque confirmou a
ligeireza com que A.J.Matos exerce as funções de presidente da Assembleia de Militantes
– órgão máximo da estrutura local do Partido – e a
superficialidade com que encara a
crise política mais grave do PSD/Azambuja dos últimos 20 anos.
Por hoje não me vou deter na superficialidade. Fico tão-só pela ligeireza.
Na mencionada entrevista, A.J.Matos declara o seguinte:
- «Vou deixar passar o congresso e logo de seguida marco eleições para a comissão política.»
- «Não [há] comissão política (…)»Ora, o Congresso de Guimarães realizou-se nos dias 20, 21 e 22 de Junho. E, depois disso, o
Povo Livre já publicou as convocatórias para a realização de diversos actos eleitorais nas Secções de Santarém e Torres Vedras, que terão lugar, respectivamente, nos dias 26 de Julho e 5 de Setembro.
A convocatória para a eleição da nova Comissão Política do PSD/Azambuja nem vê-la. Era para ser
«logo de seguida»!...
Ou seja, a crise interna que está em curso desde finais de Abril apenas será resolvida (?) para meados de Setembro. Digo Setembro, porque não acredito em eleições durante o mês de Agosto. Mas, também não acredito em bruxas,
pero que las hay hay…
Aliás, soube agora, A.J.Matos até tentou marcar o acto eleitoral para o corrente mês de Julho. Mas, a Secretaria-Geral do PSD terá impedido a publicação da convocatória porque,
afinal, a Comissão Política ainda tem quórum e não caiu (como alertei
aqui).
Ou seja, na entrevista que deu ao Fundamental,
A.J.Matos passou a certidão de óbito à Comissão Política, mas esta ainda está estatutariamente viva!Agora, parece que andam num corropio para “sacar” as demissões que são precisas para provocar a queda da Comissão Política e dessa forma conseguirem marcar as eleições publicamente anunciadas…
Mas, será que já ninguém pensa antes de falar para os jornais?
Será que o presidente do órgão máximo do PSD/Azambuja não sabe que tinha a obrigação de tratar deste assunto com recato e com a situação estatutária e regulamentar devidamente resolvida?
Será que já ninguém com responsabilidades dirigentes no PSD/Azambuja lê os Estatutos e Regulamentos do Partido?
Será que já ninguém põe competência e brio naquilo que faz?
É trapalhada a mais!Aliás, como tem sido todo o mandato do presidente da Assembleia de Militantes.
Ou são as convocatórias que não têm horas (como escrevi
aqui e
aqui).
Ou é a Assembleia de Militantes que não reúne nos termos estatutários (como já escrevi
aqui).
Ou são as convocatórias que não são enviadas aos militantes.
Ou então são enviadas tarde e a más horas e só chegam no próprio dia da Assembleia.
Ou é a confusão sempre que há actos eleitorais, ora porque é aqui, ora porque é acolá.
Ou é a intervenção constante dos órgãos jurisdicionais do Partido para impedir que as eleições decorram na casa do presidente da Assembleia de Militantes.
Ou é a utilização de correio oficial do PSD/Azambuja para o presidente da Assembleia criticar sucessivamente outros militantes do Partido.
Etc. Etc. Etc.
Uma pequena nota sobre a Comissão Política: ela não deixou de existir porque A.J.Matos decretou publicamente o seu óbito. A Comissão Política não existe desde que foi eleita! – com o apoio empenhado do próprio A.J.Matos…
A terminar.
Já sei que não irão faltar alguns apaniguados da situação para começarem a “disparar” sobre mim por causa deste
post.
Paciência.