DISCURSO DIRECTO

12 maio, 2008

Capitães da Areia

Este fim-de-semana acabei a (re)leitura de um dos meus livros favoritos: Capitães da Areia, de Jorge Amado.

Tendo como pano de fundo as ruas e as praias de Salvador, esta obra aborda a problemática do menor abandonado e das suas sequelas sociais: a violência, a criminalidade e a prostituição.

Capitães da Areia tem acção, aventura, comédia e drama. Mas, sobretudo, contém das páginas mais belas (e comoventes) que já li até hoje.

A ler.

«Pedro sorriu. Era outro que ia. Não seriam meninos toda a vida… Bem sabia que eles nunca tinham parecido crianças. Desde pequenos, na arriscada vida da rua, os Capitães da Areia eram como homens, eram iguais a homens. Toda a diferença estava no tamanho. No mais eram iguais: amavam e derrubavam negras no areal desde cedo, furtavam para viver como os ladrões da cidade. Quando eram presos apanhavam surras como os homens. Por vezes assaltavam de armas na mão como os mais temidos bandidos da Bahia. Não tinham também conversas de meninos, conversavam como homens. Sentiam mesmo como homens. Quando outras crianças só se preocupavam com brincar, estudar livros para aprender a ler, eles se viam envolvidos em acontecimentos que só os homens sabiam resolver. Sempre tinham sido como homens, na sua vida de miséria e de aventura, nunca tinham sido perfeitamente crianças. Porque o que faz a criança é o ambiente de casa, pai, mãe, nenhuma responsabilidade. Nunca eles tiveram pai e mãe na vida da rua. E tiveram sempre que cuidar de si mesmos, foram sempre os responsáveis por si. Tinham sido sempre iguais a homens.»

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