DISCURSO DIRECTO

15 setembro, 2007

Subscrevo.


A propósito do “Caso Scolari”, Pedro Correia publicou ontem no Corta-Fitas um post intitulado “Povo que lavas no rio”, cujo teor subscrevo e aqui transcrevo:

«As televisões e as rádios abriram ontem os microfones às opiniões do "povo" a propósito do lamentável caso Scolari. E, como seria de esperar, logo o dislate andou à solta. Atingindo níveis raramente registados mesmo neste género de programas que dão púlpito nacional à conversa de taberna. Um dos "populares" com direito a antena chamava ontem a Scolari um "emigrante arrogante, agressivo e mentiroso". Outro foi ao ponto de dizer que o seleccionador, "como emigrante, devia deixar o nosso país por decisão do ministro dos Negócios Estrangeiros".
Ia escutando isto, com um crescente sentimento de náusea, enquanto pensava como no futebol, à semelhança do que se passa na generalidade dos sectores, mantemos uma inveja atávica e puramente irracional em relação a todos os protagonistas de sucesso. Assim que estes protagonistas têm um momento difícil, cai-lhes em cima todo um batalhão de gente rancorosa e despeitada. E logo a mais reles xenofobia surge à tona, desmentindo os "brandos costumes" que nos servem de emblema.
Nestas alturas, envergonho-me de ser português. Envergonho-me deste "povo" que embandeirou em arco com os triunfos da selecção das quinas no Europeu de 2004 e no Mundial de 2006, e agora se apressa a exigir a deportação de Scolari, como se vivêssemos na Idade Média, enquanto mantém as bandeiras portuguesas - que ele tornou um símbolo de festa nacional - transformadas em farrapos na solidão das varandas.»

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