É tempo de Natal
Pela sua actualidade, aqui republico um texto que escrevi para o Correio de Azambuja em 2003:
Natal!
Só ouvir a palavra e despertam em nós os mais variados sentimentos.
Mas, a vivência que hoje se faz do Natal pode levar-nos a colocar a questão de saber se o Natal se tornou uma festa pagã ou se ainda é uma festa cristã.
É certo que muitos dos valores do Natal cristão continuam a ser vividos, contudo é cada vez maior a presença do espírito da sociedade de consumo. O que não é de admirar: enquanto os valores cristãos se baseiam na tradição e em costumes nem sempre devidamente adaptados ao espírito do nosso tempo, as exigências da sociedade de consumo são impostas por uma pressão publicitária suficientemente forte para convencer o mais renitente.
Por isso, o Natal transformou-se para muitos num tempo de prendas inúteis. A instituição "prenda de Natal" tornou-se tão tirana que muito poucos conseguem resistir-lhe. Assim, e como há muitas prendas a comprar e todos os anos se deve comprar alguma coisa (diferente para não repetir), quantas vezes acabamos por adquirir inutilidades que apenas servem para mostrar que "não esquecemos os amigos"?
Assim, o Natal corre também o perigo de se transformar num tempo de banalização dos sentimentos. Porque é costume visitar amigos e familiares num intervalo de tempo tão curto que as visitas são normalmente apressadas, o que impossibilita um encontro repousado, carregado de diálogos e partilha de vida, de um ano da nossa vida, pois, possivelmente, a última visita aconteceu no Natal do ano anterior... É uma visita de entrar e sair: "Eh pá! Desculpa lá. Mas sabes como é que é. Ainda tenho que ir visitar mais meia dúzia de amigos e o tempo já é pouco". E lá se entrega a prenda (inútil?), deseja-se um Bom Natal e um feliz Ano Novo. Assim em dois ou três dias, quando muito, cumpre-se a obrigação de visitar amigos que talvez só voltemos a ver no Natal seguinte. Muito positivo é o encontro, a visita, as palavras amigas e carinhosas, mesmo rápidas e telegráficas, que se trocam com amigos que a correria do dia-a-dia não permite visitar com regularidade. Negativo é a rapidez do gesto que pouco a pouco pode ir substituindo a profundidade do sentimento. Negativo é transformar esta coisa linda, que precisa de tempo, de palavra, de conversa despreocupada, de espaço para "não fazer nada", que é a amizade e a ligação a um amigo, em algo que acontece e se esfuma num minuto magro e superficial que não dá tempo para nos olharmos nos olhos e ver se realmente estamos bem e somos felizes.
Felizmente que ainda há muita gente que tem resistido a estas tentações tão subtis que mal damos por elas.
Felizmente que ainda há muita gente para quem, mesmo com estas "inutilidades", o Natal é o tempo por excelência do encontro com a família, da celebração da festa genuína. É o tempo de nos rendermos a esse Menino que veio assim pequenino para nos conquistar o coração. Afinal, quem pode ter medo de uma criança?
E é por isso que o Natal é um tempo lindo.
Natal!
Só ouvir a palavra e despertam em nós os mais variados sentimentos.
Mas, a vivência que hoje se faz do Natal pode levar-nos a colocar a questão de saber se o Natal se tornou uma festa pagã ou se ainda é uma festa cristã.
É certo que muitos dos valores do Natal cristão continuam a ser vividos, contudo é cada vez maior a presença do espírito da sociedade de consumo. O que não é de admirar: enquanto os valores cristãos se baseiam na tradição e em costumes nem sempre devidamente adaptados ao espírito do nosso tempo, as exigências da sociedade de consumo são impostas por uma pressão publicitária suficientemente forte para convencer o mais renitente.
Por isso, o Natal transformou-se para muitos num tempo de prendas inúteis. A instituição "prenda de Natal" tornou-se tão tirana que muito poucos conseguem resistir-lhe. Assim, e como há muitas prendas a comprar e todos os anos se deve comprar alguma coisa (diferente para não repetir), quantas vezes acabamos por adquirir inutilidades que apenas servem para mostrar que "não esquecemos os amigos"?
Assim, o Natal corre também o perigo de se transformar num tempo de banalização dos sentimentos. Porque é costume visitar amigos e familiares num intervalo de tempo tão curto que as visitas são normalmente apressadas, o que impossibilita um encontro repousado, carregado de diálogos e partilha de vida, de um ano da nossa vida, pois, possivelmente, a última visita aconteceu no Natal do ano anterior... É uma visita de entrar e sair: "Eh pá! Desculpa lá. Mas sabes como é que é. Ainda tenho que ir visitar mais meia dúzia de amigos e o tempo já é pouco". E lá se entrega a prenda (inútil?), deseja-se um Bom Natal e um feliz Ano Novo. Assim em dois ou três dias, quando muito, cumpre-se a obrigação de visitar amigos que talvez só voltemos a ver no Natal seguinte. Muito positivo é o encontro, a visita, as palavras amigas e carinhosas, mesmo rápidas e telegráficas, que se trocam com amigos que a correria do dia-a-dia não permite visitar com regularidade. Negativo é a rapidez do gesto que pouco a pouco pode ir substituindo a profundidade do sentimento. Negativo é transformar esta coisa linda, que precisa de tempo, de palavra, de conversa despreocupada, de espaço para "não fazer nada", que é a amizade e a ligação a um amigo, em algo que acontece e se esfuma num minuto magro e superficial que não dá tempo para nos olharmos nos olhos e ver se realmente estamos bem e somos felizes.
Felizmente que ainda há muita gente que tem resistido a estas tentações tão subtis que mal damos por elas.
Felizmente que ainda há muita gente para quem, mesmo com estas "inutilidades", o Natal é o tempo por excelência do encontro com a família, da celebração da festa genuína. É o tempo de nos rendermos a esse Menino que veio assim pequenino para nos conquistar o coração. Afinal, quem pode ter medo de uma criança?
E é por isso que o Natal é um tempo lindo.
1 Comments:
100% de acordo.
As pessoas deviam manter-se no essencial que é o Natal, festa da e para a família, e não do consumismo. Espero que um dia as pessoas voltem a entender o verdadeiro espírito do Natal.
By Francisco Ferreira, at 3/1/07 19:49
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