Francisco Sá Carneiro
19/07/1934 – 04/12/1980
Francisco Sá Carneiro morreu há 26 anos.
De Francisco Sá Carneiro estadista ou carismático líder já todos escrevemos (e continuaremos a escrever), pelo que já é difícil haver faceta que não tenha suscitado o merecido relevo: o sonho para Portugal, o sentido de Estado, o desprendimento e a independência contra tudo e contra todos, a visão estratégica aliada ao prazer do jogo táctico, a volúpia do risco.
Pela minha parte, e porque a sua mensagem continua actual, apenas quero recordar agora algumas das palavras que Sá Carneiro disse no seu primeiro discurso político, em 12 de Outubro de 1969:
“Por muito que se tenha educado no descrédito da política, é-se forçado a reconhecer que, quando se começa a tomar em profundidade consciência da nossa própria existência pessoal e das realidades que nos cercam, somos constantemente conduzidos a ela.
Desde a educação e futuro dos nossos filhos às nossas próprias condições de trabalho e de vida, desde a liberdade de ideias à liberdade física, aquilo que pensamos e queremos coloca-nos directamente ante a política: seja em oposição frontal à seguida por determinado Governo, seja de simples desacordo, seja de apoio franco.
Porque somos homens, seres inteligentes e livres chamados a lutar pela realização desses dons na vida, formamos a nossa opinião e exprimimos as nossas ideias, pelo menos no círculo de pessoas que nos cercam.
Mas se nos limitarmos a isso, se nos demitimos da intervenção activa, não passaremos de desportistas de bancada, ou melhor, de políticos de café.
A intervenção activa é a única possibilidade que temos de tentar passar do isolamento das nossas ideias e das teorias das nossas palavras à realidade da actuação prática, sem a qual as ideias definham e as palavras se tornam ocas.
Trata-se portanto de um direito e de um dever que nos assiste como simples cidadãos, pelo qual não nos devemos cansar de lutar e ao qual não nos podemos esquivar de corresponder.
Podemos sentir ou não vocação para o desempenho de atitudes ou de cargos políticos, podemos aceitar ou não as condições em que estamos, concordar ou não com a forma como a intervenção nos é facultada, mas não temos o direito de nos demitirmos da dimensão política, que, resultante da nossa liberdade e da nossa inteligência, é essencial à condição de homens.”
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